quinta-feira, 31 de julho de 2014

MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE UM VICE-GOVERNADOR? PARTE III.

Durante a semana, analisei o discurso dos candidatos a vice-governador Roberto Paulino , PMDB, e Marcos Dias, PSOL. Eu tratei, principalmente, das fragilidades que o discurso desses candidatos revela. Mas, estes dois casos não são à exceção da regra. Pelo contrário, eles são exemplos bem acabados da própria regra. Hoje, eu vou seguir tratando do discurso dos candidatos a vice, pois eles têm a árdua tarefa de se fazerem conhecer e de provar que, afinal, o vice-governador tem lá suas utilidades e funções. A candidata a vice na chapa do governador Ricardo Coutinho é Ligia Feliciano do PDT. O processo que a colocou nesta situação daria uma tese. Mas, não é objetivo desta coluna analisar o processo nada republicano de formação das coligações partidárias.

Apesar de que não deixa de se interessante perceber que Lígia nunca ocupou um cargo público eletivo, tanto no executivo como no legislativo. Ela já fez aparições pontuais, em outras eleições, mas sem ter sucesso nas urnas. Daí que já é hora de perguntar como é que ela chegou à condição de vice, na chapa do governador, com um currículo político tão pobre? Eu quero acreditar que existem outras explicações além do fato dela ser casada com o Deputado Federal Damião Feliciano. Ao que parece, Lígia se tornou a melhor, entre as piores opções, que se apresentaram a Ricardo Coutinho. A necessidade de ter um vice de Campina Grande impôs um arranjo ao governador no mínimo estranho, para não dizer outra coisa.

A entrevista com Ligia Feliciano não foi esclarecedora como se esperava. É que ela não conseguiu, ou porque não podia ou porque não queria, ou as duas coisas, explicar porque, afinal, se tornou a vice na chapa do governador Ricardo Coutinho. Quando questionada como e porque se chegou a esse arranjo partidário, Ligia respondeu que se encontra na situação de candidata a vice-governadora por ser natural de Campina Grande, e ser conhecida na cidade, por acreditar em Deus e por ser mulher. Convenhamos, se esses requisitos fossem condição necessária e suficiente para se concorrer a um cargo no poder executivo, nós teríamos, hoje, algo em torno de 100 mil candidatas só em Campina Grande. Ter um campinense na chapa é importante.

É que este é o 2º maior colégio eleitoral da Paraíba. Mas, isso não garante, por si só, a vitória numa eleição, pois a que se ter capital eleitoral encorpado para se fazer a diferença frente a outros colégios eleitorais como João Pessoa, Patos e Guarabira. Será que a família Feliciano tem capital eleitoral suficiente para tal empreitada? Já se foi o tempo em que se discutia se a mulher deveria ou não participar da política eleitoral. Mas, o fato de ser mulher não torna a pessoa, automaticamente, uma boa governante. Para ser candidato a um cargo eletivo não se requer qualquer tipo de crença ou fé religiosa. Acreditar em Deus é uma questão de foro íntimo, não deveria ser um pré-requisito para se candidatar a alguma coisa.

Os argumentos de Lígia Feliciano, para ser candidata, são de uma fragilidade a toda prova em que pese ela não acreditar nisso, pois os repetiu insistentemente durante toda a entrevista. Na verdade, do discurso de Lígia se tira muito pouco, quase nada. Sua fala se resume a três itens. (1) A questão de poder representar o povo de Campina Grande junto ao governo; (2) o fato de representar a mulher na chapa; (3) e o fato de ser casada com um tradicional político de nossa cidade. Ainda teve um ponto a ser explorado que é a questão dos trabalhos assistencialistas desenvolvidos pelo casal Feliciano ao longo de muitos anos. Como bem sabemos, é dessa maneira que Damião Feliciano vem se elegendo Deputado Federal desde 1998.

Ligia disse que: “a minha vida toda, na minha trajetória, eu sempre trabalhei ajudando as pessoas que mais precisam ao lado do meu esposo fazendo um trabalho...”. Mas, ela não termina a frase, talvez por ser consciente do quanto isso representa. Quando fala da mulher, o discurso de Ligia é errático, difuso, ele não tem uma estrutura coerente. Ao tempo em que ela fala de uma mulher forte, que está à frente da família e dos negócios, ela diz que existe uma mulher frágil que precisa de ajuda. Quando perguntada se sente capaz para assumir o cargo de vice-governadora, Ligia voltou a falar de sua condição de mulher, de campinense, de sua origem e do fato de ser médica. Em nenhum momento Ligia se referiu as funções que o vice deve desempenhar.

No mais, o discurso de Ligia foi o da reeleição. Ela desfiou as realizações do governo de Ricardo Coutinho, sempre com aquele velho discurso de que muito já foi feito, mais ainda temos muito que realizar. Sendo médico, Ligia Feliciano parece ter a mão os dados da situação da saúde pública na Paraíba. Mas, o discurso dela anda círculos. Ela vai apontando realizações do governo para rapidamente falar, várias vezes, na distribuição de ambulâncias. Foi sofrido ouvir toda a entrevista de Ligia Feliciano, pois ela demonstrou extrema dificuldade em se expressar. Faltou à candidata se preparar mais e melhor. Apesar de que, a essa altura, já não se pode fazer muito, pois a campanha já está nas ruas.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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