O filósofo, matemático e escritor britânico Bertrand Russel dizia que o "problema do
mundo é que os idiotas falam sempre seguros de si, enquanto os sábios costumam
se manifestar com muitas dúvidas". Russel foi o prêmio Nobel de
Literatura de 1950 por uma produção onde a defesa de ideais humanitários e da
liberdade de pensamento era uma constante. Entre as décadas de 1950 e 1960 ele
militou pelo desarmamento nuclear e contra a Guerra do Vietnã. Na semana
passada três homens, bem conhecidos de todos nós, andaram pela mídia
demonstrando um tipo de mentalidade onde interesses pessoais, oportunismos de
toda sorte e falta de compromisso social ficaram claros.
Eu vi os três, bastante seguros de
si, fazendo afirmações, no mínimo, polêmicas. Eles usaram os generosos espaços,
que a mídia nacional lhes dá, para manifestarem ideias buscando adeptos para
coisas que a sociedade dá alguma importância. O primeiro deles foi o ex-jogador
de futebol Ronaldo Nazário que ocupou nossos ouvidos para dizer que gostaria de
ser Ministro dos Esportes. O segundo foi o músico e compositor Lobão que
continua na sua cruzada contra o PT e a presidente Dilma. O terceiro foi o
ex-presidente Fernando H. Cardoso que, num depoimento à Comissão Nacional da
Verdade, disse: “Eu nunca fui torturado,
mas vi gente sendo torturada”. É que ele relatava que tipo de perseguições
sofreu nos anos da ditadura militar.
Numa entrevista ao UOL
Esporte, Ronaldo, aquele que um dia foi chamado de “fenômeno do futebol”,
disse, dentre outras coisas, que “aceitaria
um convite para ser ministro do Esporte” e que “Dilma não apresentou respostas para corrupção”. É que Ronaldo
gostou de andar pelos palanques tucanos e segue desempenhando seu ativismo
politico desprovido de ideias. Ele era cotado para ser Ministro dos Esportes,
caso Aécio Neves ganhasse a eleição. Ronaldo gostou tanto da proposta que vem
se auto escalando para o cargo, através da mídia, esquecendo que suas opiniões
não reverberam bem no governo e fora dele. Outra de Ronaldo foi dizer que quer
entrar para a política porque gosta muito de fazer o bem. É difícil acreditar
nisso pela insensibilidade social dele. Quem não lembra Ronaldo dizendo “que não se faz Copa com hospitais". Na
verdade, ele gostaria de ir para o Ministério para turbinar seus negócios como
empresário de celebridades do esporte.
Lobão é um problema
que eu não sei se é causado pela loucura, pelo oportunismo, pela alienação, ou
as três coisas juntas. Lobão foi o
roqueiro rebelde, que contestava o sistema politico e econômico, que não se
conformava com as injustiças sociais. Hoje, ele faz o papel (mal feito, por
sinal) de bobo da corte dos setores conservadores e de direita que pensam que
todo e qualquer problema será resolvido quando o PT e a Presidente Dilma forem
afastados do poder. Pobre Lobão, se vê como um sábio. Nas eleições, ele elogiou
os militares que impediram que os comunistas tomassem o poder em 1964. Hoje,
ele nega isso. A jornalista Bárbara Gancia disse: “Drogas causam lesões no
cérebro. No caso de Lobão, deixaram, também, sequelas perversas na alma”. Lobão
tem sido a grande atração das passeatas paulistanas que pedem impeachment de
Dilma e a volta dos militares ao poder na forma de uma ditadura. Dá pena ver
aquele, que um dia foi um dos melhores roqueiros do Brasil, servindo a uma
causa tão infame.
FHC não é um idiota,
mas fala tão seguro de si que às vezes penso que Bertrand Russel se inspirou
nele para cunhar sua frase. Depois de chamar os eleitores de Dilma Rousseff de
“gente pouco inteligente”, FHC desandou a falar o que lhe vem à mente. Num
depoimento à CNV, o ex-presidente disse que tomava vinhos e comia caviar quando
os militares o mandaram para fora do país. “Mas,
o caviar era amargo porque exílio é exílio”. Se o caviar era amargo,
imagine quem passava fome no exílio?
FHC disse que nunca
foi torturado, mas que viu muita gente sendo torturada. Ele disse que “naquele tempo ser democrata era um ato de
coragem”. Vejam que coisa! FHC teve coragem de defender a democracia,
diante dos militares, quando foi preso. Mas, quando foi presidente, com todo
poder que tinha, nada fez para punir os que viu praticando o asqueroso, abjeto,
infame ato da tortura. Pelo contrário, FHC passou seus dois mandatos se
esquivando de suas responsabilidades em nome da democracia. Como presidente, se
recusou a criar uma Comissão da Verdade, assinou o decreto que impunha sigilo
absoluto para os arquivos das Forças Armadas dos tempos da ditadura e foi
contra a qualquer tipo de revisão para a Lei da Anistia. Ronaldo, Lobão e FHC
são, hoje, caricaturas de si mesmos. Mas, eles não vieram do planeta Netuno,
são frutos da sociedade em que vivemos. Mesmo defendendo interesses próprios,
eles sabem que suas vozes ecoam em ouvidos que se acham sábios.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
Um comentário:
Eu particularmente não gosto da coluna do politicano Gilbergues Santos,porque ele sempre é contra a quem fala mal da presidente Dilma.Será Gilbergues que vc não vê a bagunça que está o Brasil com esse governo, ou vc gosta de um país como ele está? se prá vc está bom pra muitos não está.
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