A Confederação
Nacional da Indústria (CNI) e o IBOPE divulgaram na semana passada uma pesquisa
de opinião que merece ser analisada por dois motivos. Primeiro, ela é a última
de 2013. Agora só vamos ter novos dados lá pela metade de março de 2014. É que
o carnaval só vai acontecer nos primeiros dias de março. E, como se sabe, se
tem algo que levamos realmente a sério é esse negócio de não ficar sério e cair
na farra. Mas, a pesquisa CNI/Ibope inovou ao permitir que cruzemos os dados
das avalições. É que ela aferiu como a população brasileira tem avaliado o
desempenho do governo de Dilma Rousseff e o desempenho dos governos estaduais.
Inclusive, ela traz a avaliação do governo Dilma por Unidades da Federação.
Não deixa de ser interessante ver como Dilma é avaliada nos estados
de origem de seus correntes nas eleições de 2014. Eu falo de Minas Gerais,
estado de Aécio Neves, de São Paulo, estado de José Serra e de Pernambuco,
estado de Eduardo Campos. Importa ver se Dilma consegue ser tão bem avaliada
quanto o governador Eduardo Campos é no seu estado de Pernambuco. Interessa,
ainda, ver como aliados de Dilma são avaliados em seus estados. É o caso do
governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.
Mas, vamos aos números. 43% dos entrevistados afirmaram que o
governo Dilma é ótimo ou bom. Em setembro, 37% diziam a mesma coisa. É que
naquele momento as manifestações ainda aconteciam e o governo patinava sem
saber o que fazer com elas. Agora, que ninguém mais lembra das manifestações e os
“black blocs” estúpidos encontram coisa melhor para fazer, o governo federal
volta a ser melhor avaliado. Sem contar que Dilma tem sabido capitalizar para
si a prisão dos mensaleiros. É que a sociedade avalia de forma positiva o fato
de Dilma Rousseff, ao contrário de Lula, não ter demonstrado que queria influir
numa grande virada de mesa de forma que os mensaleiros petistas não fossem
obrigados a cumprirem suas penas.
O percentual de brasileiros que consideram o governo regular era de
39% em setembro e agora caiu para 35%. Já os que consideram o governo ruim ou
péssimo eram 22% em setembro e agora temos uma margem de 20%. Aqui, temos que considerar a questão do
regular, pois isso pode significar algo bom ou ruim, dependendo dos
referenciais que se queira tomar. As pesquisas que aferem esse tipo de coisa
pecam ao não definirem exatamente o que querem dizer com regular. Diz-se que um
governo é regular por ele ser constante, metódico, ordenado, uniforme.
Eu posso dizer que o governo é regular porque paga o funcionalismo
público sempre no mesmo dia. Mas, isso não me autoriza a dizer se ele paga bons
ou maus salários. Um governo pode ser regularmente bom ou regularmente ruim. Assim,
se eu pegar os 35% dos que atestam Dilma regular e somar aos 43% dos que a tem
como ótima ou boa chegarei a um percentual de 78% de aprovação do governo
Dilma. Se eu pegar esses mesmos 35% do item regular e somar aos 20% que
consideram Dilma ruim ou péssima terei um total de 55% de rejeição.
Assim, a oposição
pode dizer que a metade dos brasileiros afirma que o governo Dilma é ruim ou
péssimo. Já a situação pode retrucar e dizer que quase 80% dos brasileiros
considera o governo Dilma ótimo ou bom. Como se vê, é só uma questão de saber
modelar os dados de acordo com os interesses. A pesquisa CNI/Ibope quis saber o
que a população espera de Dilma em 2014. 45% dos entrevistados disseram que
esperam que o governo seja ótimo ou bom. Já 30% acham que ele será regular e
21% acham que será péssimo ou ruim.
O que se percebe aqui é que, quando o assunto é governo, as pessoas
não fazem projeções, preferem repetir a avaliação do presente. O que, diga-se
de passagem, não está errado, na medida em que nossa realidade política é
bastante volúvel. Quando se avalia
o governo Dilma por área de atuação constatamos a percepção das ruas. O Combate
à fome e à pobreza é aprovado por 53% da população e desaprovado por 45%. É que
os programas assistencialistas são defendidos por quem deles precisa. E são
desaprovados pelas camadas que não precisam deles para sobreviver. É preciso
lembrar que as pessoas são contra os programas de combate à fome e pobreza por
serem obrigadas a financia-los através da cobrança desenfreada de impostos pelo
governo.
Aliás, quando o assunto é imposto não há
governo no Brasil que se sustente. A política fiscal do governo Dilma é desaprovada
por mais de 73% da população. Pudera, nossa carga tributária é uma das mais
altas do mundo e tende sempre a subir, nunca a cair. Eu ainda voltarei a
analisar os dados dessa pesquisa. Ainda temos muito que tratar, principalmente
os dados sobre os governos estaduais e de como eles podem influir nos processos
que definiram as composições para as eleições 2014.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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