Acontece sempre do
mesmo jeito, apesar de que dessa vez aconteceu bem mais cedo. A cada eleição
majoritária políticos lançam suas pré-candidaturas na esperança de, não podendo
ser aceitos, ganharem algo e eu não estou falando apenas de votos. Quem não se
lembra das últimas eleições em Campina Grande. Entre os meses de março e maio
de 2012 chegamos a ter treze candidaturas. Algumas não reuniam chances mínimas
para pleitear sequer o cargo de vereador, quanto mais o de prefeito.
Em outras eleições
os políticos esperavam, ao menos, que o carnaval do ano eleitoral terminasse
para se lançarem candidatos. Agora, mal terminamos 2013, e já temos algo em
torno de cinco ou seis pré-candidaturas assumidas ou pré-assumidas. É bom
lembrar que a candidatura do governador Ricardo Coutinho é a exceção, pois ele não
precisa pedir a ninguém para postular seu segundo mandato. Na verdade, está é a
única candidatura certa que temos no momento. Eu disse no momento, não no
futuro.
O modus operandis dos partidos políticos é
sempre o de colocar um nome a disposição dos aliados para abrir as negociações.
Inclusive, já conhecemos bem o procedimento. Não há muitos mistérios, mas
existem algumas regras que poucos ousam desobedecer. Uma liderança lança o nome
de um político e este se faz de rogado no começo para depois dizer que aceita com
muita honra a indicação. Em geral, o político diz que não tem a vaidade de ser
candidato, mas que aceita o desafio em nome do partido.
Alguns gostam de
dizer que aceitaram a missão depois de ouvir a família, os amigos e os aliados.
E ainda tem aqueles que gostam de se vitimizar. Dizem que estam fazendo um
grande sacrifício em nome do partido, do povo, da sociedade e blá- blá, blá-
blá, blá- blá. Lembro-me da ex-senadora Heloísa Helena fazendo um discurso
piegas de como estava sendo sacrificada por ser candidata a presidente da
República. Como se lhe tivessem imposto a postulação. Esse é um discurso útil
aos que sabem que vão perder.
Neste jogo, quem realmente
é candidato não se lança com antecedência. Os que possuem lastro não se apressam,
se resguardam, pois sabem que quanto mais cedo de lançarem, mais ataques
receberão. Já os que sabem que não vão ganhar, ou que não podem ser candidatos,
precisam largar antes de todos. São os que têm que buscar um lugar na mesa das negociações,
pois necessitam estar no lugar e no momento certo para ver que cargos podem
amealhar.
O lançamento precoce de uma candidatura é, em geral, uma forma de
exercer pressão sobre os atores e partidos políticos relevantes do jogo. Claro,
muitos se lançam candidatos para serem adulados e assim desistirem da disputa. Nesse
jogo, quem abre mão da peleja não sai de mãos abanando. Sempre dá para
barganhar cargos e espaços no processo eleitoral. Todos sabemos que, aqui em
Campina Grande, pré-candidaturas foram desfeitas mediante pagamento de vultosas
somas.
Vejamos o caso do deputado federal Leonardo Gadelha. Seu partido, o
PSC, lançou seu nome como uma alternativa para o Blocão participar da disputa
ao governo da Paraíba. Mas, ele foi logo dizendo que aceita compor uma chapa na
condição de vice-governador. A sinceridade do deputado revela o pragmatismo do
seu ato. Ao se lançar, considerando que o Blocão tem outros pré-candidatos, ele
mira na possibilidade de ser o vice de um nome com reais chances de concorrer.
Um nome do PMDB, como se espera.
O PT lançou Nadja Palitot para pressionar os aliados do Blocão para
que se definam. Mas, o PT quer mesmo é barganhar as vagas para o senado e para
vice-governador, pois sabe que não pode ter candidatura própria para não
desarmar o palanque paraibano de Dilma Rousseff antes mesmo que ele seja
montado. O PP fala em lançar a candidatura do Ministro Aguinaldo Ribeiro. Ele
mesmo já cogitou a possibilidade, mas não se fez convencer. O que Aguinaldo
quer mesmo é cuidar de sua permanência no Ministério das Cidades e isso passa
pela reeleição de Dilma.
O PMDB segue com a pré-candidatura
de Veneziano Vital. Das duas uma. Ou ela foi posta na mesa como uma carta para
se descartar ou o PMDB vai tentar impor o ex-prefeito de Campina Grande aos
seus aliados contando com o silêncio do PT nacional. Uma atitude kamikaze que
não combina com o pragmatismo do PMDB. Mas, esse é um jogo de múltiplas
alternativas. O PMDB sabe que pode contar com a alternativa José Maranhão.
Inclusive, ele tem insistido que é candidato a deputado federal para ajudar seu
partido. Mas, e se insistirem para que reveja sua decisão?
Eu não me surpreenderia
se lá para depois do carnaval o PMDB se entender com seus aliados do Blocão e
eles definirem uma chapa com Maranhão candidato a governador, tendo um petista
como vice e alguém do PSC para o senado, ou o contrário. Mas, ainda temos que
considerar uma pré-candidatura que paira acima das vontades e dos humores
políticos paraibanos. Eu falo da possibilidade, remota por enquanto, do Senador
Cássio Cunha Lima decidir ser candidato a governador. Mas, isso já é assunto
para depois do Natal.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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