Depois de certo
suspense e de uma tentativa, frustrada, de causar uma reviravolta em nossa
política partidária, o presidente do Partido dos Trabalhadores da Paraíba,
Charliton Machado, anunciou que o PT tem um nome para a eleição estadual 2014.
Trata-se da advogada Nadja Palitot, Coordenadora do PROCON de João Pessoa. Ela
foi candidata à prefeita da capital (pelo PSB) em 1996, ficando em 4º lugar. Em
2004 foi eleita vereadora e em 2007 assumiu uma cadeira na Assembleia
Legislativa.
Inspirado no espetáculo que foi a filiação de Marina Silva ao PSB
de Eduardo Campos, o PT tentou transformar o anuncio da definição de uma
simples pré-candidatura num show midiático. Claro, não conseguiu, isso não
tinha mesmo como dar certo. Pois, bem sabemos que, no Brasil, pré-candidaturas
são apenas opções que os partidos dispõem sobre as mesas de negociações e
articulações. As pré-candidaturas são apresentadas como forma dos partidos se
credenciarem ao jogo eleitoral. Às vezes as pré-candidaturas não passam de
cortinas de fumaça para dissimular outras intenções que não podem ser
reveladas. Quantas vezes já não vimos um partido lançar uma pré-candidatura
para poder ter algum instrumento de barganha nas articulações.
Os partidos lançam pré-candidaturas quando não possuem força
suficiente para bancar um nome para concorrer na eleição. Quando pode, o PT não
pede licença a quem quer que seja e vai logo impondo o seu nome. Claro, este
não é o caso aqui na Paraíba. Se o PT estivesse em condições anunciaria Nadja
Palitot como a sua candidata para as eleições governamentais de 2014. Se o PT
paraibano não fosse tão limitado, imporia a seus aliados o nome que bem
quisesse, mesmo o de Nadja Palitot.
É sintomático que o
anuncia tenha sido feito poucos dias depois de Lula ter dito que gostaria que o
deputado federal Manoel Jr (do PMDB) fosse o candidato da aliança PT/PMDB a
governador na Paraíba. Charliton Medeiros fez o anuncio como se,
pretensiosamente, diga-se de passagem, quisesse dizer a Lula que, na Paraíba, o
PT tem autonomia para lançar o nome que bem entender. Ledo engano, pois o
acordo nacional entre PT e PMDB refuta tal hipótese. Pelos acordos nacionais, o
PT da Paraíba tem que se conformar em armar o palanque para os aliados, como
forma de garantir que eles apoiem o projeto de reeleição da presidente Dilma.
Simples assim!
Inclusive, Charliton
Machado disse que a escolha do nome de Nadja Palitot se deu após uma discussão
com Rui Falcão, que é o presidente da Executiva Nacional do PT, aquele que
volta e meia sai em defesa de Zé Dirceu, e com o próprio Lula. Não que eu duvide da palavra de Charliton,
mas o que fez Lula mudar de opinião? Há uns dias, Lula queria um deputado do
PMDB como candidato a governador da Paraíba, agora já aceita que o PT tenha uma
candidatura própria? Estranho, muito estranho. Candidatura essa que não agrega
valores eleitorais por ser amplamente desconhecida pela Paraíba afora e que não
consegue ser unânime nem em seu próprio partido, apesar de que eu não viverei
para ver o dia em que o PT conseguirá ter opinião unânime.
Setores do PT não gostaram de Nadja Palitot como opção
pré-eleitoral. O Deputado Frei Anastácio e Giucélia Figueiredo não aceitaram o
anúncio. É que eles pertencem ao PT do PMDB. E Charliton e Nadja são do PT do Blocão e de
Luciano Cartaxo. Aliás, os aliados do PT, no Blocão, não gostaram do anuncio.
Eles se sentiram pressionados, pois o acordo é que cada partido do Blocão
lançaria um nome em janeiro como forma de apresentar cartas para se iniciar o
jogo.
As coisas já são confusas no Blocão, pois quem quer ser candidato
não tem cacife (é o caso da maioria) e quem tem cacife não quer ser candidato
(é o caso do ministro Aguinaldo Ribeiro). O PT só conseguiu piorar as coisas
com seu anuncio. Se a ideia é aglutinar
aliados em torno do projeto de reeleição de Dilma, dando-lhes candidaturas
majoritárias pelos Estados, lançar uma pré-candidatura própria, sem as devidas
projeções políticas, é pouco inteligente e só embaraça as composições.
Foi
interessante ver Nadja Palitot dizer que sua pré-candidatura é uma retomada do
protagonismo do PT na Paraíba e que ela quer promover a unidade partidária.
Nadja disse que “nós queremos uma
candidatura que seja de todo o partido”. O PT não vai retomar uma coisa que
nunca teve. Na Paraíba, o papel do PT foi sempre o de lastrear grupos políticos
tradicionais. Pretender unir o PT em torno de alguma coisa, qualquer coisa, é
um misto de ingenuidade, desconhecimento e miopia política.
Este biombo eleitoral que o PT lançou será
colocado na ante-sala das negociações do Blocão e lá ficará até que alguém
entenda que ele está atrapalhando. Em todo caso esta será apenas a primeira de
uma série de pré-candidaturas que ainda veremos.
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