quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

COMO PIORAR O QUE JÁ NÃO ESTÁ BOM?


Lei de murphi n+1

Depois de certo suspense e de uma tentativa, frustrada, de causar uma reviravolta em nossa política partidária, o presidente do Partido dos Trabalhadores da Paraíba, Charliton Machado, anunciou que o PT tem um nome para a eleição estadual 2014. Trata-se da advogada Nadja Palitot, Coordenadora do PROCON de João Pessoa. Ela foi candidata à prefeita da capital (pelo PSB) em 1996, ficando em 4º lugar. Em 2004 foi eleita vereadora e em 2007 assumiu uma cadeira na Assembleia Legislativa.


Inspirado no espetáculo que foi a filiação de Marina Silva ao PSB de Eduardo Campos, o PT tentou transformar o anuncio da definição de uma simples pré-candidatura num show midiático. Claro, não conseguiu, isso não tinha mesmo como dar certo. Pois, bem sabemos que, no Brasil, pré-candidaturas são apenas opções que os partidos dispõem sobre as mesas de negociações e articulações. As pré-candidaturas são apresentadas como forma dos partidos se credenciarem ao jogo eleitoral. Às vezes as pré-candidaturas não passam de cortinas de fumaça para dissimular outras intenções que não podem ser reveladas. Quantas vezes já não vimos um partido lançar uma pré-candidatura para poder ter algum instrumento de barganha nas articulações.


Os partidos lançam pré-candidaturas quando não possuem força suficiente para bancar um nome para concorrer na eleição. Quando pode, o PT não pede licença a quem quer que seja e vai logo impondo o seu nome. Claro, este não é o caso aqui na Paraíba. Se o PT estivesse em condições anunciaria Nadja Palitot como a sua candidata para as eleições governamentais de 2014. Se o PT paraibano não fosse tão limitado, imporia a seus aliados o nome que bem quisesse, mesmo o de Nadja Palitot.


É sintomático que o anuncia tenha sido feito poucos dias depois de Lula ter dito que gostaria que o deputado federal Manoel Jr (do PMDB) fosse o candidato da aliança PT/PMDB a governador na Paraíba. Charliton Medeiros fez o anuncio como se, pretensiosamente, diga-se de passagem, quisesse dizer a Lula que, na Paraíba, o PT tem autonomia para lançar o nome que bem entender. Ledo engano, pois o acordo nacional entre PT e PMDB refuta tal hipótese. Pelos acordos nacionais, o PT da Paraíba tem que se conformar em armar o palanque para os aliados, como forma de garantir que eles apoiem o projeto de reeleição da presidente Dilma. Simples assim!


Inclusive, Charliton Machado disse que a escolha do nome de Nadja Palitot se deu após uma discussão com Rui Falcão, que é o presidente da Executiva Nacional do PT, aquele que volta e meia sai em defesa de Zé Dirceu, e com o próprio Lula.  Não que eu duvide da palavra de Charliton, mas o que fez Lula mudar de opinião? Há uns dias, Lula queria um deputado do PMDB como candidato a governador da Paraíba, agora já aceita que o PT tenha uma candidatura própria? Estranho, muito estranho. Candidatura essa que não agrega valores eleitorais por ser amplamente desconhecida pela Paraíba afora e que não consegue ser unânime nem em seu próprio partido, apesar de que eu não viverei para ver o dia em que o PT conseguirá ter opinião unânime.


Setores do PT não gostaram de Nadja Palitot como opção pré-eleitoral. O Deputado Frei Anastácio e Giucélia Figueiredo não aceitaram o anúncio. É que eles pertencem ao PT do PMDB.  E Charliton e Nadja são do PT do Blocão e de Luciano Cartaxo. Aliás, os aliados do PT, no Blocão, não gostaram do anuncio. Eles se sentiram pressionados, pois o acordo é que cada partido do Blocão lançaria um nome em janeiro como forma de apresentar cartas para se iniciar o jogo.


As coisas já são confusas no Blocão, pois quem quer ser candidato não tem cacife (é o caso da maioria) e quem tem cacife não quer ser candidato (é o caso do ministro Aguinaldo Ribeiro). O PT só conseguiu piorar as coisas com seu anuncio.  Se a ideia é aglutinar aliados em torno do projeto de reeleição de Dilma, dando-lhes candidaturas majoritárias pelos Estados, lançar uma pré-candidatura própria, sem as devidas projeções políticas, é pouco inteligente e só embaraça as composições.

 

Foi interessante ver Nadja Palitot dizer que sua pré-candidatura é uma retomada do protagonismo do PT na Paraíba e que ela quer promover a unidade partidária. Nadja disse que “nós queremos uma candidatura que seja de todo o partido”. O PT não vai retomar uma coisa que nunca teve. Na Paraíba, o papel do PT foi sempre o de lastrear grupos políticos tradicionais. Pretender unir o PT em torno de alguma coisa, qualquer coisa, é um misto de ingenuidade, desconhecimento e miopia política.

Este biombo eleitoral que o PT lançou será colocado na ante-sala das negociações do Blocão e lá ficará até que alguém entenda que ele está atrapalhando. Em todo caso esta será apenas a primeira de uma série de pré-candidaturas que ainda veremos.


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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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