Durante a
semana, analisei o discurso dos candidatos a vice-governador Roberto Paulino ,
PMDB, e Marcos Dias, PSOL. Eu tratei, principalmente, das fragilidades que o
discurso desses candidatos revela. Mas, estes dois casos não são à exceção da
regra. Pelo contrário, eles são exemplos bem acabados da própria regra. Hoje,
eu vou seguir tratando do discurso dos candidatos a vice, pois eles têm a árdua
tarefa de se fazerem conhecer e de provar que, afinal, o vice-governador tem lá
suas utilidades e funções. A candidata a vice na chapa do governador Ricardo
Coutinho é Ligia Feliciano do PDT. O processo que a colocou nesta situação
daria uma tese. Mas, não é objetivo desta coluna analisar o processo nada
republicano de formação das coligações partidárias.
Apesar de que não deixa de se interessante perceber que Lígia nunca ocupou
um cargo público eletivo, tanto no executivo como no legislativo. Ela já fez
aparições pontuais, em outras eleições, mas sem ter sucesso nas urnas. Daí que
já é hora de perguntar como é que ela chegou à condição de vice, na chapa do
governador, com um currículo político tão pobre? Eu quero acreditar que existem
outras explicações além do fato dela ser casada com o Deputado Federal Damião
Feliciano. Ao que parece, Lígia se tornou a melhor, entre as piores opções, que
se apresentaram a Ricardo Coutinho. A necessidade de ter um vice de Campina
Grande impôs um arranjo ao governador no mínimo estranho, para não dizer outra
coisa.
A entrevista com Ligia Feliciano não foi esclarecedora como se esperava. É
que ela não conseguiu, ou porque não podia ou porque não queria, ou as duas
coisas, explicar porque, afinal, se tornou a vice na chapa do governador
Ricardo Coutinho. Quando questionada como e porque se chegou a esse arranjo
partidário, Ligia respondeu que se encontra na situação de candidata a
vice-governadora por ser natural de Campina Grande, e ser conhecida na cidade,
por acreditar em Deus e por ser mulher. Convenhamos, se esses requisitos fossem
condição necessária e suficiente para se concorrer a um cargo no poder
executivo, nós teríamos, hoje, algo em torno de 100 mil candidatas só em
Campina Grande. Ter um campinense na chapa é importante.
É que este é o 2º maior colégio eleitoral da Paraíba. Mas, isso não
garante, por si só, a vitória numa eleição, pois a que se ter capital eleitoral
encorpado para se fazer a diferença frente a outros colégios eleitorais como
João Pessoa, Patos e Guarabira. Será que a família Feliciano tem capital
eleitoral suficiente para tal empreitada? Já se foi o tempo em que se discutia
se a mulher deveria ou não participar da política eleitoral. Mas, o fato de ser
mulher não torna a pessoa, automaticamente, uma boa governante. Para ser
candidato a um cargo eletivo não se requer qualquer tipo de crença ou fé
religiosa. Acreditar em Deus é uma questão de foro íntimo, não deveria ser um
pré-requisito para se candidatar a alguma coisa.
Os argumentos de Lígia Feliciano, para ser candidata, são de uma
fragilidade a toda prova em que pese ela não acreditar nisso, pois os repetiu
insistentemente durante toda a entrevista. Na verdade, do discurso de Lígia se
tira muito pouco, quase nada. Sua fala se resume a três itens. (1) A questão de
poder representar o povo de Campina Grande junto ao governo; (2) o fato de
representar a mulher na chapa; (3) e o fato de ser casada com um tradicional
político de nossa cidade. Ainda teve um ponto a ser explorado que é a questão
dos trabalhos assistencialistas desenvolvidos pelo casal Feliciano ao longo de
muitos anos. Como bem sabemos, é dessa maneira que Damião Feliciano vem se
elegendo Deputado Federal desde 1998.
Ligia disse que: “a minha vida toda,
na minha trajetória, eu sempre trabalhei ajudando as pessoas que mais precisam
ao lado do meu esposo fazendo um trabalho...”. Mas, ela não termina a frase,
talvez por ser consciente do quanto isso representa. Quando fala da mulher, o
discurso de Ligia é errático, difuso, ele não tem uma estrutura coerente. Ao
tempo em que ela fala de uma mulher forte, que está à frente da família e dos
negócios, ela diz que existe uma mulher frágil que precisa de ajuda. Quando
perguntada se sente capaz para assumir o cargo de vice-governadora, Ligia
voltou a falar de sua condição de mulher, de campinense, de sua origem e do
fato de ser médica. Em nenhum momento Ligia se referiu as funções que o vice
deve desempenhar.
No mais, o discurso de Ligia foi o da reeleição. Ela desfiou as
realizações do governo de Ricardo Coutinho, sempre com aquele velho discurso de
que muito já foi feito, mais ainda temos muito que realizar. Sendo médico,
Ligia Feliciano parece ter a mão os dados da situação da saúde pública na
Paraíba. Mas, o discurso dela anda círculos. Ela vai apontando realizações do
governo para rapidamente falar, várias vezes, na distribuição de ambulâncias.
Foi sofrido ouvir toda a entrevista de Ligia Feliciano, pois ela demonstrou
extrema dificuldade em se expressar. Faltou à candidata se preparar mais e
melhor. Apesar de que, a essa altura, já não se pode fazer muito, pois a
campanha já está nas ruas.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.