Ontem, eu tratei
do que venho chamando do princípio Luizito Suárez. É que na política paraibana está
valendo tudo, até morder. Suárez, para quem não sabe, é aquele jogador da
Seleção do Uruguai que habitualmente morde, literalmente, seus adversários. Na
política partidária eleitoral paraibana não tem sido diferente. Está valendo
tudo, até praticar atos pouco republicanos às claras, despudoramente. A
política partidária chegou à idade das trevas. Ela não amadureceu, pior, parece
ter apodrecido de vez. Depois do “bacanal eleitoral” dos últimos dias parece
que, finalmente, temos decisões em condição de serem analisadas. Mas, é preciso
lembrar que ainda poderemos ter algumas mudanças. Certo, o prazo das convenções
se encerrou no final da 2ª feira.
Mas, os partidos têm até às 19 horas do próximo dia 05, como determina a
Lei das Eleições, para enviar as atas das convenções para a Justiça Eleitoral.
Esse é o procedimento que registra as candidaturas e as coligações junto ao
TRE. Aqui, ocorre uma sutil astúcia dos partidos políticos. É que eles podem
mudar algumas decisões entre o fim das convenções e a elaboração da versão
final da ata que será encaminhada ao TRE no próximo dia 05 de julho. Mesmo sem
ter acesso ao teor final das atas, sabemos que iremos para o processo eleitoral
majoritário com algo em torno de seis chapas. A que primeiro se configurou foi a
do senador Cássio Cunha Lima que traz o deputado federal Ruy Carneiro como
vice.
Cássio será candidato a governador, mesmo que ainda tenha que lidar com a
questão da inelegibilidade. Sendo senador da República, poderá disputar a
eleição sabendo que ocupará sua cadeira no Congresso Nacional, por mais 4 anos,
caso não ganhe a eleição. Isso faz toda a diferença num processo eleitoral.
Quando o político entra numa disputa sabendo que não terá um cargo para ocupar,
caso perca, seu comportamento muda. Tudo se torna mais sensível para ele. A
eleição vira um caso de vida ou morte. Cássio Cunha Lima, e seu vice Ruy
Carneiro, pertencem ao PSDB, i.e., eles formam uma chapa puro sangue. Se o
objetivo dos partidos, aos se juntarem, é a soma dos preciosos minutos para o
guia eleitoral, uma chapa puro sangue não agregaria este valor.
Esse deve ter sido o arranjo útil para falta de um partido com capital
eleitoral avantajado que ocupasse a vice-governadoria. Mas, a chapa é, também,
composta pelo PTB que indicou seu presidente estadual, Wilson Santiago, como
candidato ao senador. A coligação do PSDB apresenta partidos e nomes de peso. O
PEN indicou Luciano Agra como suplente de senador. O PR, do deputado Wellington
Roberto, o PSC, de Marcondes Gadelha, e o PP do deputado Aguinaldo Ribeiro
entraram na composição. Aliás, essa foi a maior demonstração de força do PSDB e
do Senador Cássio. Eles conseguiram compor uma coligação com nada mais nada
menos do que 15 partidos. Isso lhes garantirá um excelente tempo na propaganda
eleitoral.
Claro, administrar tantos interesses, de tantos partidos, não será tarefa
fácil mesmo em se tratando do experiente senador Cássio. Ao longo da campanha,
as arestas a serem administradas serão das mais variadas. Vejam que o
ex-ministro Aguinaldo Ribeiro afirmou que seu partido não vai deixar de apoiar
a candidatura de Dilma, do PT, em nível nacional, mesmo que, na Paraíba, esteja
coligado com a candidatura que apoio a postulação de Aécio Neves. No entanto,
isso não é, nunca foi, um problema na cabeça dos políticos. Pode até ser que
seja na cabeça do eleitor, mas e daí? Não me consta que essa promiscuidade
politico-eleitoral tenha impedido que um político desses pudesse ser eleito.
Cássio foi hábil em trazer Rômulo Gouveia de volta ao seio da família
Cunha Lima, em que pese sempre ter parecido que ele nunca havia saído. Rômulo
se desgastou por não ter viabilizado sua postulação ao senado. Deverá ser
candidato à Câmara Federal. Outro que sai fragilizado do processo é o
ex-prefeito Veneziano Vital. Depois de posar de pré-candidato ao governo por
mais de um ano, ele viu seu próprio partido lhe retirar sua postulação.
Sobrou-lhe, tão somente, a candidatura à Câmara Federal. Restou-lhe buscar a
cadeira que hoje pertence a sua mãe, a deputada Nilda Gondim. Esta eleição é
vital para Veneziano, pois ele já está a quase dois anos sem ocupar um cargo
que, como sabemos, é o próprio oxigênio dos políticos.
Sai penalizado desse processo o senador Cícero Lucena, que teve que dispor
de sua recondução ao senado, para que o PSDB ampliasse seu arco de alianças. O
processo deve ter sido doloroso, vejam o silêncio ensurdecedor de Cícero nos
últimos dias. O PSOL lançou Tárcio Teixeira candidato ao governo, enquanto que
o PSTU apresentou Antônio Radical. Mas, ambos ainda não possuem um vice, pois
um espera pelo outro. Tárcio quer que Radical seja seu vice, sendo a recíproca
verdadeira. Hoje, eu iniciei a análise do menu eleitoral que por ora nos é
apresentado. Amanhã eu continuarei analisando o atual cenário político eleitoral
da Paraíba, considerando que ainda poderemos ter algumas redefinições e mesmo
algumas surpresas.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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