Ontem, quando eu
liguei o computador para escrever esta Coluna, pretendia tratar da última pesquisa
Datafolha com as intensões de votos para as eleições presidenciais. Por algum
motivo, fui ver notícias em sites jornalísticos e tive que mudar de ideia. Ao
entrar no site UOL/Notícias me deparei com a manchete: “A ONU confirma que 121
crianças palestinas foram mortas na Faixa de Gaza após os ataques aéreos
israelenses”. Pior, eu fiquei por algum tempo vendo imagens de crianças mortas
e feridas. Por mais consciente que eu possa ser do meu metiê de analista
político, e mesmo que o ofício de acompanhar a realidade político-eleitoral
brasileira me imponha certos rigores, eu não posso esquecer que a vida pulsa e
que eu sou humano.
O caro ouvinte me desculpe, mas, hoje, não vai dar para falar da política
eleitoral paraibana, nem de Dilma, Aécio e Eduardo. Também não posso falar de
democracia e ditadura, de futebol, e de outros assuntos de nossa realidade, não
depois de ver aquelas imagens atrozes. Aqui, vou falar de quando a política se
torna um crime, de quando ela deixa de ser um instrumento que leva ao diálogo,
ao convencimento, e passa a ser algo que causa guerra, violência, destruição e
morte. Hoje eu vou falar da política que mata crianças. As imagens de crianças
mortas e feridas na Faixa de Gaza me obrigam a falar de coisas que não
gostamos. Eu sei que isso é bastante desagradável, mas eu sei também que tem
coisas que não devem ser esquecidas. No mundo real, as rosas têm espinhos.
Eu vi a imagem de um menino, de uns 10 anos de idade, com a cabeça
enfaixada e em estado de choque, depois de um ataque em que aviões israelenses
despejaram bombas sobre a população palestina. E não tem essa de ataque de
precisão cirúrgica não. Eles estam praticando a política de terra arrasada
mesmo. Em outra imagem, um médico palestino carrega uma menina, com não mais do
que cinco anos de idade, bastante ferida, por um corredor onde se pode ver
várias pessoas feridas. Esta menina foi atingida pela artilharia pesada dos
tanques de guerra de Israel que dispararam, com segundos de intervalo, também
na faixa de Gaza. Esses ataques fazem parte da ofensiva terrestre do Exercito
de Israel contra forças da Palestina.

Vendo essas e outras imagens, lembrei a foto daquela menina vietnamita,
correndo nua, chorando, com os braços aberto, e com quase todo o corpo queimado
por causa de um agente químico chamado Napalm, também conhecido por agente
laranja. Isso foi há 42 anos atrás durante a Guerra do Vietnã. O vilarejo onde
Phan Thi Kim morava foi bombardeado pela força área dos EUA. Ela conta que de
repente tudo a sua volta começou a queimar, inclusive suas roupas. Kim teve 70%
do seu corpo queimado e, acredite, ela teve sorte, pois foi à única criança do
seu vilarejo a sobreviver. Kim está viva, tem 47 anos, vive no Canadá com sua
família e diz continuar não entendendo porque os países em guerra massacram
suas crianças.

O caro ouvinte pode estar se perguntando, mas porque, afinal, palestinos e
israelenses estam, novamente, se matando? É difícil responder. Eles lutam por
territórios, pelas suas religiões, enfim, eles lutam pelo poder. Mas, o que de
fato importa é que as crianças estam sendo mortas. Onde tiver uma criança
sofrendo, por causa de uma guerra, isso passa a ser problema de toda a
humanidade. Sim, pode não parecer, mas nós somos humanos, ainda. Eu terminei
lembrando a Rosa de Hiroshima, belos versos de Vinícius de Moraes, onde ele
diz: “Pensem nas crianças, mudas telepáticas / Pensem nas meninas, cegas
inexatas /Pensem nas mulheres, rotas alteradas / Pensem nas feridas, como rosas
cálidas /Mas, não se esqueçam, da rosa, da rosa de Hiroshima”.
Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com
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