De uma coisa eu
e você, caro ouvinte, não temos do que reclamar: a política eleitoral, na
pequena e heroica Paraíba, não é nem um pouco maçante. Pelo contrário, sobram
emoções e a incerteza, quanto aos resultados, nos acompanha até o final do
processo. Desde o ano passado, o jogo eleitoral tem nos reservando situações
das mais interessantes. Primeiro, tivemos toda aquela questão que envolveu o
fim da aliança entre o PSB de Ricardo Coutinho e o PSDB de Cássio Cunha Lima.
Depois tivemos o escaldante processo que definiu as candidaturas majoritárias e
suas coligações. Inclusive, os partidos políticos estam no rescaldo daquele
agitadíssimo final de semana onde todo mundo era aliado e/ou adversários de
todo mundo.
Como era de se esperar, a judicialização da política eleitoral paraibana
já está em adiantado curso. Os partidos políticos nem bem acabaram de solicitar
o registro de suas candidaturas, junto ao TRE, e as impugnações de toda sorte
já começaram. A Procuradoria Regional Eleitoral da Paraíba já apresentou 14
ações de impugnação de candidaturas, dentre elas temos a do Senador Cássio
Cunha Lima e a do ex-senador Wilson Santiago. A disputa nem bem chegou às ruas
e as urnas e já está nos tribunais. Até um tempo atrás, atores e partidos
políticos esperavam o final dos pleitos para lutarem, nos tribunais, pelas eleições
perdidas. Mas, as coisas mudaram, agora eles fazem o caminho inverso. Vão aos
tribunais, lá se instalam, enquanto lutam pelo voto.
Nos processos de impugnação tem de tudo. Tem político com suas contas
rejeitadas, em gestões no poder executivo. Tem gente com condenação criminal e
com o não atingimento da idade mínima para o cargo que está pleiteando. É que
tem famílias encaminhando seus filhos imberbes para a política, da mesma forma
que se leva alguém a escolher uma profissão qualquer. Tem os velhos casos em
que se usa o eufemismo da conduta vedada, ou seja, é a pessoa que cometeu um
ato ilícito. Como não poderia deixar de ser, tem o abuso de poder político e
econômico de sempre. Tem até casos de pessoas que sofreram representação pela
acusação de terem feito excesso de doações. Pois é, quem diria, no Brasil de
hoje doar virou crime.
E eu aqui pensando que os não doadores é que deveriam ser punidos. Mas, eu
falo das doações que servem para barganhar empregos, favores, licitações e,
claro, as que funcionam como o detergente que lava todo e qualquer dinheiro
desviado do erário. Das 14 impugnações,
10 foram de candidaturas para a Assembleia Legislativa e 03 para a Câmara
Federal. Claro, a impugnação que mais se falará ao longo da campanha eleitoral,
é a da candidatura do senador Cássio Cunha Lima ao governo do Estado. Não que
isso seja uma novidade. Até os pombos da Praça da Bandeira sabiam que a
Procuradoria Eleitoral enquadraria o caso do Senador Cássio na prática de abuso
do poder político e econômico, em relação ao processo que o tornou inelegível.
Claro, os adversários de Cássio não perderam tempo e enviaram ao
Ministério Público Eleitoral duas notícias de inelegibilidade e dois pedidos de
impugnação baseados no fato de que, a preço de hoje, só o Supremo Tribunal
Federal poderá decidir a questão. Os advogados e aliados de Cássio Cunha Lima
também foram rápidos e estam divulgando pela imprensa, e nas redes sociais, uma
certidão que atestaria a regularidade do candidato tucano junto a Justiça
Eleitoral. A campanha ao governo do Estado se dará em dois fronts: no eleitoral
e no judiciário. Importa, inclusive, atentarmos para o fato de que, nos dias de
hoje, pode-se ganhar no front eleitoral e perder no judicial, sendo a recíproca
irritantemente verdadeira.
Mas, quando o assunto é judicialização da política nunca, jamais,
poderemos deixar o PT de lado. É que, invariavelmente, os petistas não se
entendem quanto aos rumos eleitorais que devem tomar e terminam recorrendo à
justiça. A Direção Nacional do PT segue contestando, junto ao TRE-PB, a aliança
do PT estadual com o PSB de Ricardo Coutinho. É que Lula, Dilma, Michel Temer e
José Maranhão querem que o PT da Paraíba fique ao lado do PMDB, seguindo a
lógica nacional. Mas, muito petistas paraibanos, comandados pelos irmãos
Cartaxo de João Pessoa, querem mesmo é manter a dissonante aliança com os
socialistas de Ricardo Coutinho. Assim, todo mundo recorre para a justiça e nós
ficamos no suspense.
Vejam porque vale a pena brigar na justiça. A Coligação Força do Trabalho,
de Ricardo Coutinho, é formada por 11 partidos e terá 05 min/49 seg no guia
eleitoral. Mas, se o TRE revogar a aliança PSB/PT, a coligação ficará apenas
com 03 min/32 seg. Por outro lado, a candidatura do senador Vital Filho, da
Coligação Renovação de Verdade, tem, hoje, o tempo de 03 min/23 seg. Se o PMDB
conseguir trazer o PT para sua composição ficará com o tempo de 05 min /23
segundos. Nesse jogo, os detalhes contam, às vezes, bem mais do que o próprio
voto. Daí que os embates saem da seara eleitoral e vão para os tribunais. Isso
não seria problema algum, não fosse o fato de que a decisão do tribunal pode
vir a mudar a decisão das urnas.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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