terça-feira, 29 de julho de 2014

MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE UM VICE-GOVERNADOR? Parte I.

Ao contrário do que muitos acham, o discurso de um candidato é fundamental como parâmetro para que o eleitor decida em quem votar. Eu sei que muitos acham que o discurso dos políticos não vale nada, pois eles prometem de mais e cumprem de menos. Mas, o discurso é uma arma. Através dele, o político demonstra sua capacidade de argumentação. Pelo discurso, nas entrevistas, por exemplo, podemos perceber se o candidato é ou não capaz de assumir o cargo que está pleiteando nas urnas. As entrevistas que a Equipe de Jornalismo da Campina FM tem promovido com os candidatos a governador e a vice-governador da Paraíba estam bem longe de serem monótonas, imprecisas ou sem algum valor. Pelo contrário, elas têm sido reveladoras.


ROBERTO PAULINO (PMDB)Em Vila do Sossego, Zé Ramalho já dizia que: “Na tortura toda carne se trai. Que normalmente, comumente, fatalmente, felizmente, displicentemente o nervo se contrai, com precisão”. É claro que nós não vamos torturar os candidatos. Mas, nos é imperativo fazê-los falar. Importa que eles tenham tempo para exporem quem são, como são e porque são. Quando o nervo do candidato se contrai, ele pode, por exemplo, revelar suas fragilidades, suas indecisões e seus desconhecimentos. Nas entrevistas com os candidatos a vice, vimos fragilidades de toda sorte e é por isso que elas foram tão boas. Eu sei que não temos esse hábito, mas me parece que já é hora de prestarmos atenção ao vice tanto quanto prestamos ao candidato a governador.


MARCOS DIAS (PSOL)Lena Leite do PSTU seria a primeira a conceder uma dessas entrevistas, mas ela não veio alegando estar doente. Roberto Paulino, do PMDB, foi de fato o primeiro entrevistado. É bom não esquecer que até dá para fugir de algumas dessas atividades. É que estamos no começo das eleições, mas com o passar dos meses, e com o guia eleitoral, a curiosidade do eleitor vai aumentando. Fugir do debate não pode mesmo ser a melhor estratégia. O eleitor não pode ser privado de conhecer os candidatos. Roberto Paulino iniciou sua entrevista dizendo que não estava nos seus planos se candidatar a um cargo majoritário e que sua prioridade era trabalhar para reeleger seu filho, Raniery Paulino, deputado estadual.


LÍGIA FELICIANO (PDT)O seu objetivo era ajudar o PMDB a eleger seus candidatos ao governo e aos cargos no parlamento. Se era assim, o que fez Roberto Paulino mudar de opinião? Ele disse que os problemas e dificuldades enfrentados pelo PMDB o fizeram mudar de rumo. Paulino disse que esses tais problemas e dificuldades eram de conhecimento dos paraibanos. Mas, o ex-governador se confundiu, pois seguimos sem saber o que de fato aconteceu que forçou o PMDB a ter uma candidatura própria. Pelo visto vamos continuar sem saber, pois o comportamento pouco republicano dos atores e partidos políticos da Paraíba, naquele fático final de semana das convenções partidárias, não deve mesmo vir à tona pelo bem de nossas frágeis instituições.


RUY CARNEIRO (PSDB)Para Paulino nada mais importa do que fortalecer a agremiação da qual é filiado desde 1970. Certo, não deixa de ser um comportamento político coerente. Mas, deveria o fortalecimento de uma sigla ser colocado acima dos interesses de Estado? Paulino chegou mesmo a confessar que o processo de definição de candidaturas e de coligações foi tumultuado. Disse ele: “foi um momento de muita confusão, agente acertava uma coisa e dizia é assim, mas depois não era mais assim, já era de outro jeito”. O ex-governador até se permitiu um desabafo, com tons de vitimização, e disse que houve uma pressão muito grande, com todo mundo querendo destruir o PMDB. Mas, porque haveria uma conspiração para destruir o PMDB? Isso ele não respondeu.


OLAVO FILHO (PROS)Ele disse que não falaria do que houve nos meandros, entre quatro paredes, no processo de articulação, pois isso não seria o seu estilo. Cada vez que os políticos paraibanos se negam a dizer o que houve só aguçam ainda mais nossa natural curiosidade. Como todo político experiente, Paulino resolver deixar esse assunto de lado, minimizando os acontecimentos, e dizendo que “nós estamos no caminho e vamos fazer com que Vital Filho possa engrenar em sua campanha”. Habilidosamente, Paulino mudou de assunto, falando da visita do vice-presidente da república, Michel Temer, a Paraíba. Em seguida, Paulino falou do seu reduto eleitoral, a cidade de Guarabira, de sua pujança e de uma tal rebeldia que ela teria.


Os políticos são mesmo assim, eles vão tentando responder as perguntas ao mesmo tempo em que não descuidam de seus pequenos interesses políticos, partidários, familiares, municipais. Isso faz, também, parte desse jogo chamado eleição. Paulino disse que vai haver em Guarabira o arrastão do vermelhão e que, lá, o vermelho é um grife. Ele anunciou esse tal arrastão para o próximo dia do país. Vejam como os grupos políticos se apoderam de cores e datas para viabilizarem interesses eleitorais. Para Paulino parece importar bem mais ter um bom desempenho eleitoral em seu reduto, do que viabilizar os interesses de seu partido que ele disse estar sendo perseguido. Assim são os políticos em tempos eleitorais. Amanhã eu vou continuar analisando as entrevistas dos candidatos a vice-governador da Paraíba.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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