Desde as
eleições municipais de 2008 surgem vozes, de vários setores da sociedade
paraibana, pedindo para que as regras das campanhas eleitorais sejam alteradas
de forma que nossas necessidades ambientais possam ser consideradas. Em 2010,
por exemplo, a Câmara Municipal de Campina Grande ouviu o clamor de vários
campinenses e declarou guerra às passeatas e carreatas, durante a campanha
eleitoral, considerando os danos ambientais que elas tanto causam. Os
vereadores Metuselá Agra e Antônio Pereira, ambos do PMDB, entregaram um ofício
ao juiz Eli Jorge Trindade, que era o responsável pela propaganda de rua,
solicitando que as pavorosas carreatas, além das passeatas, fossem proibidas.
Na época, os vereadores justificaram a iniciativa baseados no fato de que
passeatas e carreatas não acrescentam em nada à eleição e que só trazem
prejuízos à população por, dentre outras coisas, estimular a violência. Eles
ainda demonstraram que a ordem político-social da cidade estaria ameaçada na
medida em que o acirramento entre eleitores, políticos e partidos fosse
aumentando. Especificamente em relação às carreatas os vereadores aludiram à
questão do trânsito. Eles lembravam o óbvio ululante. É que numa cidade como
Campina Grande, que tem um trânsito naturalmente caótico, fazer carreatas e
passeatas é a mesma coisa de colocar palha e gasolina na fogueira.
Já em 2008, o promotor Herbert Targino propôs o fim das carreatas por
causarem turbulências no tecido social. Nessas oportunidades se considerava que
as carreatas tornam bem pior a já problemática questão da poluição sonora em
nossa cidade. É bom não esquecer que em 2010 a Câmara aprovou a Lei municipal
4.877 que definiu as “zonas de silêncio”. Essa lei demarcou locais, no centro
da cidade, onde não se pode fazer propaganda sonora e nem colocar qualquer tipo
de som em alto volume. Apesar de que, basta andar um pouco pelas ruas centrais
de Campina Grande para se ver que essa lei vem sendo desrespeitada de todas as
formas que se puder imaginar. Mas, um
erro não pode justificar o outro.
Não é porque a poluição sonora nos perturba diariamente que temos que
aceitar que, durante as campanhas eleitorais, o dia-a-dia do eleitor seja
transformado num literal inferno, onde imperam as vontades e interesses dos
candidatos. A Juíza que coordena a propaganda eleitoral em Campina Grande,
Renata Barros Paiva, está promovendo, junto aos partidos políticos, a discussão
sobre a realização de comícios, carreatas e passeatas. Ao que tudo indica a
Justiça Eleitoral não proibirá as carreatas e passeatas, pois a Juíza Renata
Barros já informou, aos partidos, a necessidade deles respeitarem a tal “zona
de silêncio” e de que ela vai definir os locais para que se façam as atividades
de campanha.
Sobre como e onde se fazer as carreatas, a magistrada propôs que a cidade
seja dividida, nos dias em que os partidos e candidatos forem às ruas.
Inclusive, ela sugere que os partidos façam seus eventos em horários distintos.
A ideia, assustadora em minha opinião, é que os partidos possam fazer as
carreatas nos mesmos dias, desde que em horários distintos, de forma que elas
não se encontrem. A mesma proposta foi feita para o caso das passeatas. Se já
era ruim ter uma carreta de uma coligação de cada vez, o que dirá termos duas
no mesmo dia, mesmo que em horários distintos. O que acontecerá se, e quanto,
os partidários das coligações descumprirem as determinações da justiça
eleitoral?
Eleições são tidas como a “festa da democracia”. Temos comícios,
passeatas, carretas, festas e corpo-a-corpo. Muitos eleitores encaram a
campanha como uma grande diversão. Os candidatos andam por aí com bandas de
música, fogos e trios elétricos. Isso tudo, claro, para chamar atenção do
eleitor. Nestas campanhas carnavalescas se vê de tudo, menos as ideias e
projetos dos candidatos. Aliás, quanto mais barulhenta for a campanha, melhor
para o candidato medíocre que não pode e não deve se fazer ouvir. As passeatas
e carreatas enojam, denigrem e poluem o meio ambiente. Experimente, caro
ouvinte, andar pelas ruas após esses eventos e veja a sujeira que fica pelas ruas.
Aliás, eu queria entender o que leva alguém a participar de uma carreta.
O que faz um eleitor seguir em uma imensa fila de carros, por horas a fio,
num barulho ensurdecedor, sob um calor insuportável? Seriam os “bônus” para que
se abasteçam os carros, de preferência no posto de combustíveis de um aliado do
candidato? As carreatas são moeda de troca. Muitos são obrigados a participar
sob pena de perder um favor ou um emprego. Mas, o pior é a contradição dos
candidatos que aparecem no guia eleitoral prometendo cuidar do meio ambiente e
depois vão às ruas denegri-lo. Iniciativas, como aquela da Câmara Municipal de
Campina Grande, são louváveis, apesar de terem se mostrado pouco eficientes. A
melhor atitude ainda pode ser a do eleitor que se recusar a votar em alguém que
diz uma coisa no guia eleitoral e faz outra na rua.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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