Ontem, depois
que a Alemanha fez o 5º ou o 6º gol, um amigo me mandou uma mensagem dizendo
que o vendaval que varria a Seleção Brasileira era um castigo dos deuses do
futebol sobre nós que definitivamente desaprendemos a jogar futebol. Eu já
tinha dito, numa dessas colunas sobre a Copa do Mundo, que os deuses do futebol
estavam nos brindando, com tantos jogos maravilhosos, como uma espécie de
compensação por tudo que tivemos que aturar para ter esta Copa no Brasil. Mas,
não haveria justificativa para torcer contra a Seleção por causa dos desmandos
que vimos na organização da Copa. Numa coisa concordo com os argentinos. Esse
negócio de torcer contra a seleção de seu próprio país é uma tremenda de uma
imbecilidade.
O fato é que não
termos os tais legados sociais não deveria nos impedir de ganharmos o hexa
campeonato mundial. Ou, dito de outra forma, perder em campo não poderia ser
uma espécie de castigo pelos muitos problemas que ocorrem fora de campo. O fato
é que a Seleção Brasileira perdeu, aliás, foi humilhada, execrada em campo,
porque não sabia o que fazer para ganhar. Quando a Alemanha abriu sua
artilharia pesada sobre a meta do goleiro Júlio Cesar não havia o que fazer.
Quando a tragédia se configurou, alguém perguntou, numa rede social, se não
tinha como acabar aquele jogo ali mesmo, ainda no primeiro tempo. Eu cheguei a
pensar que a solução poderia ser a metade do time desmaiar e a outra metade
fugir de campo.
O José Simão, da
Folha Uol, disse que bom mesmo é no UFC, onde o juiz manda parar o combate
quando percebe que um dos lutadores está correndo riscos de vida. Essa foi só
mais uma das muitas piadas que vi nas redes sociais logo após o massacre.
Quando o valente rubro-negro alemão se impôs sobre o amarelo covarde brasileiro,
eu só pensava, em vão, claro, num jeito de acabar com aquela saraivada de gols.
Aquilo era surreal. Nem Nelson Rodrigues, em seus delírios literários, pensaria
algo tão cruel. Veio-me a mente a Blitzkrieg, o termo em alemão para a
"guerra-relâmpago". Na 2ª Guerra Mundial, o exército alemão atacava
seus inimigos com forças móveis, em ataques rápidos e de surpresa, de forma que
o adversário não tivesse como reagir.
Quando
a seleção alemã lançou sua guerra relâmpago sobre o time brasileiro foi triste
ver aquele jogadores, que nunca foram soldados, acovardados, atemorizados,
perdido no campo de batalha. Eu sentia vergonha, da vergonha que eles sentiam.
Pior, era ver o comandante Felipão, pálido, sentado no banco de reservas,
falando com seu fiel escudeiro, mais preocupado em cobrir a boca, para que não
lhe fizessem a leitura labial, do que em tomar alguma providencia para estancar
a sangria de gols. O que vimos ontem foi o antifutebol. E, por favor, não me
venha falar de uma suposta falta que Neymar teria feito, pois este não fez lá
muito por merecer o titulo de melhor jogador da Copa enquanto esteve em campo.
Aliás,
eu vi uma vantagem na saída prematura de Neymar. É que a tal “neymardependência” chegou ao ponto
extremo da imbecilidade, misturada a um nacionalismo estulto, capitaneado por
Galvão Bueno e seus asseclas. O problema não foi ausência de Neymar com suas
criancices. Também não se sentiu falta daquele tresloucado zagueiro capitão,
Thiago Silva. O problema da seleção é a total e completa falta de força
coletiva. A seleção nunca foi, nesta copa, um time.
Como ser um time sem promover o
entrosamento? Bastou a Alemanha apertar a marcação para o Brasil confessar suas
maiores fragilidades com aqueles chutões para frente. O que víamos? Uns pobres
diabos sem criação, sem força, sem conjunto. O decantado descontrole emocional foi à senha para que os
mais experientes entendessem que o fracasso viria, apesar de que nem o mais
pessimista dos torcedores preveria algo tão desgraçadamente trágico.
As situações que
vimos na sofrida vitória por pênaltis sobre o Chile, quando Thiago Silva chorou
descontroladamente com as mãos na cabeça, nos avisavam que em algum momento perderíamos.
Mas, quem imaginaria que seria desse jeito acachapante? Agora, não resta mais
nada a fazer, até porque duvido que algum brasileiro esteja interessado em
saber se a seleção ficará em 3º ou 4º lugar. Talvez, possamos aprender algo com
essa duríssima lição. Talvez possamos reaprender a joga o futebol de outrora.
Talvez, os dirigentes do futebol brasileiro entendam que precisamos mudar, pois
a Copa vai acabar e vamos voltar a viver a dura realidade de um futebol
medíocre como esse que se vem praticando no Brasil ano após ano.
A goleada de
ontem me fez lembrar muitas coisas ruins. Fez-me lembrar de tantas outras
goleadas que já sofremos. Na Educação, no IDH, no desenvolvimento econômico. A
goleada de ontem foi só mais uma das tantas que já levamos. Os 07 gols de ontem
são nada, se lembrarmos que só a Alemanha já ganhou 101 prêmios Nobel. A
Holanda ganhou 19, a Argentina 05 e nós nunca ganhamos um prêmio Nobel sequer.
Pobres de nós, Thiagos, Freds, Hulks e Marcelos que nascemos para ser goleados.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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