quarta-feira, 30 de julho de 2014

MAS, AFINAL, PARA QUE SERVE UM VICE-GOVERNADOR? PARTE II.


Eu afirmei na COLUNA de ontem que os políticos se preocupam bem mais em ter um bom desempenho eleitoral, em seus redutos, e em favorecer seus esquemas familiares do que viabilizar interesses do partido ou da coligação que integram. Com os candidatos a vice-governador da Paraíba é isso que temos visto. Roberto Paulino, que é candidato na chapa do PMDB junto com o Senador Vital Filho, deixou isso bem claro na entrevista que concedeu. Ele afirmou que seu interesse é reeleger seu filho, deputado estadual, e conduzir a campanha em seu reduto eleitoral. A preocupação de Paulino e fazer Vital Filho ganhar a eleição em Guarabira não por causa desta eleição e sim por eleições futuras.

Paulino se permitiu desenhar um cenário que, hoje, soaria ilusório, mas que com o desenrolar da campanha pode ser viável. Para ele, Vital Filho pode até mesmo chegar ao 2º turno angariando simpatias nos setores “anti-Cássio” e “anti-Ricardo” da Paraíba. Obviamente que até nesse caso haverá a bi-polarização entre as candidaturas do PSDB e do PSB. Este cenário de polarização é o pior dos mundos para o PMDB, mas Roberto Paulino tenta passar ao largo disso sempre com uma mensagem de otimismo. Para ele, o acirramento entre Cássio e Ricardo será bom para o PMDB. A ideia é: enquanto eles brigam, nós fazemos e campanha e ganhamos votos. Certo, faz sentido. Mas, é bom lembrar que a Paraíba adora um FLA X FLU eleitoral.

A entrevista de Paulino foi uma aula de realismo político. Quando perguntado se assimilaria ver deputados do seu partido apoiando a candidatura de Cássio Cunha Lima, e não a de Vital Filho, ele deixou o nervo se descontrair e soltou o verbo. Paulino disse que queria que seus companheiros apoiassem as candidaturas do PMDB, mas a realidade é outra, pois tem pessoas que: “Compram um partido para negociar. Hoje, quem tem partido tem dinheiro no bolso”. Mais real, mais sincero, impossível. A segunda entrevista da série com os candidatos a vice-governador foi com Marcos Dias do PSOL. Logo de início ele disse que a intenção do seu partido era compor com as siglas, PSTU e PCB, que pertencem ao mesmo campo político ideológico.


Mas, ele disse que não foi possível fazer uma aliança, apesar de não ter dito por que partidos tão parecidos não conseguem se unir pelo menos numa eleição. Aliás, essa é a mãe de todas as perguntas que devemos fazer aos pequenos partidos da esquerda. Por que não unir forças? Se são todos tão próximos no campo das ideias, se lutam pelas mesmas causas, se defendem o socialismo, por exemplo, porque não se juntam logo de uma vez em um grande partido com viabilidade eleitoral? Marcos Dias disse que é candidato a vice-governador por já ter sido candidato a prefeito, em João Pessoa, e ao Senado. Ele é professor, funcionário público do Estado da Paraíba e membro da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Educação.



Se por um lado ele tem sensibilidade suficiente para atentar para os problemas da educação e dos professores, por outro ele termina por confundir as reivindicações de sua categoria com a necessidade de ser fazer propostas de governo para esta área. Marcos discorre muito bem sobre as questões salarias, sobre a necessidade do concurso público para professores, sobre a situação, calamitosa, dos aposentados, mas ele não consegue falar em nível de política de governo, pois ele é sindicalista. Marcos Dias é bem informado e mostra dados importantes sobre como o governo lida com as finanças públicas. Ele aponta que o governo não dá a devida prioridade para questões como educação, saúde e segurança pública.

O problema é o mesmo das outras candidaturas. Ele faz o diagnóstico correto das doenças do Estado, ele até indica que remédios devem ser ministrados. O problema é que Marcos, como os outros, não diz como estes remédios devem ser aplicados. Vejam, por exemplo, que na questão da Segurança Pública Marcos Dias sabe bem o que fazer para evitar que os jovens entrem na marginalidade. Ele diz que a solução é investir em educação, moradia digna, saúde, esporte e lazer. Mas, quando perguntado sobre qual é a proposta do PSOL para resolver, ou minimizar, os problemas da segurança pública, Marcos gaguejou e não respondeu. Ele disse que “para a segurança e para a questão histórica não existe proposta de curto prazo”.


 
É a questão do como fazer. O eleitor quer que o eleito apresente soluções para os problemas mais sensíveis que lhe aflige no curtíssimo prazo, ele não quer, e não deve, esperar. Eis o problema. A maioria dos candidatos não tem propostas. Eu ainda gostaria de chamar atenção para uma questão. Sem querer ser pedante, mas ao mesmo tempo não esquecendo que sou professor, sugeriria ao candidato Marcos Dias, que também é professor, que tivesse algum cuidado para com nossa língua portuguesa. Eu sei que ele não é a exceção entre os políticos. Eu sei, também, que falar e escrever nosso idioma corretamente é tarefa para bem poucos. Mas, um erro não pode justificar o outro e a que se ter cuidados com nossa velha e boa língua portuguesa.
Você tem algo a dizer sobre essa COLUNA ou quer sugerir uma pauta? gilbergues@gmail.com

AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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