Eu afirmei na
COLUNA de ontem que os políticos se preocupam bem mais em ter um bom desempenho
eleitoral, em seus redutos, e em favorecer seus esquemas familiares do que
viabilizar interesses do partido ou da coligação que integram. Com os
candidatos a vice-governador da Paraíba é isso que temos visto. Roberto
Paulino, que é candidato na chapa do PMDB junto com o Senador Vital Filho,
deixou isso bem claro na entrevista que concedeu. Ele afirmou que seu interesse
é reeleger seu filho, deputado estadual, e conduzir a campanha em seu reduto
eleitoral. A preocupação de Paulino e fazer Vital Filho ganhar a eleição em
Guarabira não por causa desta eleição e sim por eleições futuras.
Paulino se permitiu desenhar um cenário que, hoje, soaria ilusório, mas
que com o desenrolar da campanha pode ser viável. Para ele, Vital Filho pode
até mesmo chegar ao 2º turno angariando simpatias nos setores “anti-Cássio” e
“anti-Ricardo” da Paraíba. Obviamente que até nesse caso haverá a
bi-polarização entre as candidaturas do PSDB e do PSB. Este cenário de
polarização é o pior dos mundos para o PMDB, mas Roberto Paulino tenta passar
ao largo disso sempre com uma mensagem de otimismo. Para ele, o acirramento entre
Cássio e Ricardo será bom para o PMDB. A ideia é: enquanto eles brigam, nós
fazemos e campanha e ganhamos votos. Certo, faz sentido. Mas, é bom lembrar que
a Paraíba adora um FLA X FLU eleitoral.
A entrevista de Paulino foi uma aula de realismo político. Quando
perguntado se assimilaria ver deputados do seu partido apoiando a candidatura
de Cássio Cunha Lima, e não a de Vital Filho, ele deixou o nervo se descontrair
e soltou o verbo. Paulino disse que queria que seus companheiros apoiassem as
candidaturas do PMDB, mas a realidade é outra, pois tem pessoas que: “Compram um partido para negociar. Hoje,
quem tem partido tem dinheiro no bolso”. Mais real, mais sincero,
impossível. A segunda entrevista da série com os candidatos a vice-governador
foi com Marcos Dias do PSOL. Logo de início ele disse que a intenção do seu
partido era compor com as siglas, PSTU e PCB, que pertencem ao mesmo campo
político ideológico.
Mas, ele disse que não foi possível fazer uma aliança, apesar de não ter
dito por que partidos tão parecidos não conseguem se unir pelo menos numa
eleição. Aliás, essa é a mãe de todas as perguntas que devemos fazer aos
pequenos partidos da esquerda. Por que não unir forças? Se são todos tão
próximos no campo das ideias, se lutam pelas mesmas causas, se defendem o
socialismo, por exemplo, porque não se juntam logo de uma vez em um grande
partido com viabilidade eleitoral? Marcos Dias disse que é candidato a
vice-governador por já ter sido candidato a prefeito, em João Pessoa, e ao
Senado. Ele é professor, funcionário público do Estado da Paraíba e membro da
diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da Educação.
Se por um lado ele tem sensibilidade suficiente para atentar para os
problemas da educação e dos professores, por outro ele termina por confundir as
reivindicações de sua categoria com a necessidade de ser fazer propostas de
governo para esta área. Marcos discorre muito bem sobre as questões salarias,
sobre a necessidade do concurso público para professores, sobre a situação,
calamitosa, dos aposentados, mas ele não consegue falar em nível de política de
governo, pois ele é sindicalista. Marcos Dias é bem informado e mostra dados
importantes sobre como o governo lida com as finanças públicas. Ele aponta que
o governo não dá a devida prioridade para questões como educação, saúde e
segurança pública.
O problema é o mesmo das outras candidaturas. Ele faz o diagnóstico
correto das doenças do Estado, ele até indica que remédios devem ser
ministrados. O problema é que Marcos, como os outros, não diz como estes
remédios devem ser aplicados. Vejam, por exemplo, que na questão da Segurança
Pública Marcos Dias sabe bem o que fazer para evitar que os jovens entrem na
marginalidade. Ele diz que a solução é investir em educação, moradia digna,
saúde, esporte e lazer. Mas, quando perguntado sobre qual é a proposta do PSOL
para resolver, ou minimizar, os problemas da segurança pública, Marcos gaguejou
e não respondeu. Ele disse que “para a
segurança e para a questão histórica não existe proposta de curto prazo”.
É a questão do como fazer. O eleitor quer que o eleito apresente soluções
para os problemas mais sensíveis que lhe aflige no curtíssimo prazo, ele não
quer, e não deve, esperar. Eis o problema. A maioria dos candidatos não tem
propostas. Eu ainda gostaria de chamar atenção para uma questão. Sem querer ser
pedante, mas ao mesmo tempo não esquecendo que sou professor, sugeriria ao
candidato Marcos Dias, que também é professor, que tivesse algum cuidado para
com nossa língua portuguesa. Eu sei que ele não é a exceção entre os políticos.
Eu sei, também, que falar e escrever nosso idioma corretamente é tarefa para
bem poucos. Mas, um erro não pode justificar o outro e a que se ter cuidados
com nossa velha e boa língua portuguesa.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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