Para o bem e/ou para
o mal, temos sempre muitos candidatos nas eleições presidenciais. A quem diga
que, no Brasil, eleição majoritária que se prese tem que ter candidatos
nanicos. Sem eles a eleição fica maçante, sem graça mesmo. De acordo com o
Sistema de Divulgação de Candidaturas do TSE (DivulgaCand) teremos 11
candidatos nestas eleições. Pelo menos seis deles são tidos como nanicos, por
terem postulações que não devem ter mais do que 100 mil votos em todo o Brasil.
Esta é a segunda coluna em que analiso candidaturas que não chegarão ao 2º
turno. Na primeira, tratei de Levi Fidelix, que tem perfil ideológico bem
definido a direita. Agora, vou analisar uma candidatura com perfil ideológico
marcadamente à esquerda.
José Maria de Almeida é candidato a presidente da República pela 4ª
vez. Ele ficou conhecido pelo bordão "contra burguês, vote 16" que
era usado nas propagandas eleitorais do seu partido, o PSTU. Zé Maria é o
típico candidato da esquerda. A sua história se confunde com a de Lula, com a
diferença que o primeiro não aderiu ao pragmatismo fisiológico que o segundo
pratica como poucos. Zé Maria foi uma das lideranças daquelas greves do ABCD
paulista do final da década de 1970. Ele foi preso, em 1980, junto com Lula, e
mais 10 sindicalistas, e enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Zé Maria ficou
três meses preso. Ao ser libertado, participou da fundação do PT e da CUT.
Zé Maria diz que teve que deixar o PT, pois o partido não fez as
mudanças que se esperava. Aliás, ele não saiu do PT. Na verdade, ele foi
expulso quando o PT começou a se “endireitar”, como ele mesmo gosta de dizer. A
expulsão de Zé Maria do PT se deu quando sua tendência “Convergência Socialista”
defendeu o “Fora Collor” em 1992. Pois é, a direção do PT queria o impeachment
de Collor, mas não parecia aceitar que a sociedade se mobilizasse para isso. Zé
Maria foi candidato a presidente pela primeira vez em 1998. De lá até aqui suas
ideias e seu programa político quase não mudaram. A única mudança perceptível
foi na forma, pois o bordão “contra burguês, vote 16” foi aposentado para esta
eleição.
O bordão saiu, mas as ideias socialistas permaneceram remanescentes
do tempo em que a classe operária iria fazer uma revolução, armada de
preferência, e tomar o poder da burguesia. Percebe-se a atitude revolucionária
no apoio as manifestações de 2013. Em 2010, Zé Maria não apresentou um programa
político. Ele registrou, no TSE, um manifesto recheado de palavras de ordem. O
documento dizia que “o Brasil precisa de uma segunda independência” numa alusão
a revolução cubana de 1959. Uma das ideias básicas do PSTU é de que é preciso
romper com o imperialismo. Esta seria a única possibilidade de acabar com o
desemprego e com o arrocho salarial. Sem isso não se faria reforma agraria e
muito menos se combateria a miséria.
Neste documento de 2010, se fala na formação de uma frente
continental pela suspensão do pagamento da dívida externa. Aqui, se defende o
rompimento unilateral com o FMI, pois sem isso não se faria nada no Brasil em
termos de desenvolvimento. Outra tese do PSTU é a defesa da expropriação de
todas as propriedades fundiárias do país, sem que seus proprietários sejam indenizados.
Dessa forma todas as terras do país passariam a ser propriedade do Estado
brasileiro. As empresas nacionais e estrangeiras, que dominam os principais
ramos de produção, seriam expropriadas para o bem público, sem indenização,
claro. Com isso, o que Zé Maria defende,
de fato, é a criação de um super Estado controlador de tudo e de todos.
Essas ideias seriam muito boas não fosse o fato de que elas não
passam de ideias, apenas ideias. O problema do PSTU é o mesmo dos partidos
burgueses que tanto combate: tem muitas ideias e propostas, mas não diz como
coloca-las em prática. A mãe de todas as contradições de Zé Maria é a de seguir
atuando no processo eleitoral mesmo que desconfie da legitimidade das eleições.
Ele tem dito que "as eleições não podem produzir mudanças, pois são
controladas pelas grandes empresas”. Zé Maria diz que segue sendo candidatando
para promover suas ideias e fazer seu partido crescer. Mas, a tirar pelos
resultados das outras eleições, essa estratégia parece frágil. Vejam que em
1998, Zé Maria teve 202.659 votos, ficando apenas em 7º lugar.
Nas eleições de 2002, teve seu melhor momento chegando a 402.236
votos, ficando em 5º lugar, apesar de que só havia seis candidatos. Já nas
eleições de 2010, Zé Maria teve minguados 84.609 votos, ficando em 6º lugar,
num total de 09 candidatos. Essa é a questão. Importariam menos as ideias e
mais o fato de aproveitar o momento eleitoral, do qual tanto se desdenha, para
divulgar ideias e promover o crescimento das fileiras do partido. Mas, o que
explica o fato do PSTU parecer estar enxugando gelo? O fato é que as ideias anacrônicas
do PSTU não atraem o eleitorado em sua maioria com menos de 35 anos idade. A
questão é que os nanicos da esquerda só olham para seu próprio umbigo e
esquecem o que está no entorno social deles.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário