A política
paraibana provou, mais uma vez, a Lei de Murphy de que nada é tão ruim que não
possa piorar. Fatos de antes, durante e depois das convenções reforçaram meu
pessimismo quanto à possibilidade de dias melhores na política partidária.
Outro item da lei de Murphy dizia que o dia de amanhã poderá, e será, pior do
que o dia de hoje. Quando pensávamos que nada mais poderia acontecer, em termos
de fisiologismos partidários, eis que nossos políticos nos surpreenderam mais
uma vez. Tanto é que jornalistas, analistas, além dos próprios políticos,
tiveram que se esforçar para encontrar termos que pudessem explicar o que está
acontecendo. O ex-deputado Gilvan Freire disse que: “a política ficou redonda, não tem mais lados”.
É que os políticos perderam de vez os poucos princípios que ainda tinham.
Eles não mais escolhem este ou aquele lado para realizar suas alianças. A
política ficou redonda, pois todo mundo circula por todos os lugares sem
qualquer preocupação que seja. Até pouco tempo, políticos se davam ao direito
de dizer que não conversariam com este ou aquele adversário. Hoje, todo mundo
conversa com todo mundo. Não existem mais adversários verdadeiros. Qualquer um,
qualquer um mesmo, pode vir a ser um aliado. Até o ano passado seria improvável
ver o PMDB, de José Maranhão, nas mesas de negociação com o PSDB, de Cássio
Cunha Lima. Até três meses atrás quem afirmasse que o PT paraibano se aliaria
ao PSB de Ricardo Coutinho seria taxado de louco.
No final de semana, enquanto curtíamos a Copa do Mundo, os políticos
andavam soltos pelas mesas de negociação numa promiscuidade política como nunca
se viu na pequena e heroica Paraíba. Os partidos abandonaram de vez os
preservativos democráticos. As notícias, os boatos e as falas dos atores
provavam a política de terra arrasada que estava sendo praticada. Numa ora, o
PT indicaria o vice-governador do PMDB. Já em outra, o PMDB estaria compondo
com o PSB. Um minuto depois, estava o
PSB, do governador Ricardo Coutinho, a anunciar que tinha fechado uma aliança
com o PT. Não mais do que de repente, víamos o senador Cássio Cunha Lima
frequentando a casa da prefeita de Patos, Francisca Mota, do PMDB.
Na festa da democracia partidária ninguém é de ninguém. Todo mundo pode
flertar, e até ficar um pouco, com todo mundo. Eduardo Paz, prefeito do Rio de
Janeiro, disse que a proliferação indiscriminada de alianças se tornou um
verdadeiro "bacanal eleitoral". Renan Palmeira, presidente do PSOL de
João Pessoa, disse que com o vai e vem dos políticos paraibanos já está dando
para ver as vísceras dos partidos políticos. Em outros tempos, os políticos
ainda tinham algum pudor. As conversar eram mais reservadas. Agora não. As
negociações, e as negociatas, são feitas às claras.
O movimento é sempre o mesmo. Primeiro, o político diz que está disposto a
conversar com todo mundo e que não tem problema algum em dialogar com quem quer
que seja. Depois, ele diz que as conversar estam afunilando e que, nas próximas
horas, vai anunciar sua decisão. A partir daí, o político passa a circular
pelas mesas de negociação dizendo o que quer para poder aportar nesta ou naquela
coligação. Finalmente, o político anuncia sua decisão. Mas, ele nunca é
taxativo, deixa sempre uma porta aberta. Vejam o caso do PMDB que sempre
afirmou que teria uma candidatura própria, mas que não para de conversar e
negociar com as outras forças políticas. Vejam que José Maranhão negou sempre
que seria candidato ao senado, quando na verdade era para isso que ele se
batia. Vejam que Veneziano Vital era o candidato do PMDB ao governo mesmo que
soubéssemos de sua inviabilidade eleitoral.
Rômulo Gouveia, vice-governador do Estado, seria candidato ao senador com
a disposição de abandonar o grupo político ao qual sempre pertenceu. Wilson
Santiago foi, ou ainda é, candidato a senador de todos os grupos políticos
existentes na Paraíba. Ricardo Coutinho já mudou seu candidato a
vice-governador tantas vezes que, talvez, nem ele mesmo saiba quem é que vai
sair com quem. O PSB e o PMDB ainda não anunciaram seus candidatos a vice
-governador. O PMDB, inclusive, vem sangrando sob a espada de seus próprios
filiados devido aos interesses de toda sorte. Teve partido que suspendeu sua
convenção para que seus lideres fossem ter com certos chefes políticos para
ouvirem a mais nova proposta de coligação. A volúpia eleitoral dos políticos
gerou “frankensteins” eleitorais assustadores e ao mesmo tempo hilários.
Ricardo Coutinho se aliou ao PT. Tudo normal, se não fosse o fato de que o
governador é do mesmo partido de Eduardo Campos, adversário de Dilma Rousseff.
Mas, como diriam os americanos, quem se importa? No bacanal eleitoral pode
tudo, tudo mesmo. Interessa ver como as siglas são jogadas de um lado para
outro. Um grupo quer o PT com Ricardo, mas outro quer o PT com o PMDB. O PSDB
não pode ter o PT, então trabalha para que ele fique com o PMDB, já que com o
PSB pode ser o fiel da balança. No PMDB
existem dois grupos: um quer se aliar a Ricardo Coutinho e o outro a Cássio
Cunha Lima. Nesse vai e vem, o senador Vital Fº teve sua candidatura ao governo
do Estado anunciada e desanunciada três vezes.
O dito do inefável ACM nunca foi tão verdadeiro: “na política, abaixo do
pescoço, tudo é canela”. Hoje, na política partidária paraibana, vale o
principio do jogador uruguaio Luizito Suárez de que no jogo pode tudo, até
morder.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
Nenhum comentário:
Postar um comentário