terça-feira, 1 de julho de 2014

O EFEITO LUIZITO SOARES NA POLÍTICA PARAIBANA


A política paraibana provou, mais uma vez, a Lei de Murphy de que nada é tão ruim que não possa piorar. Fatos de antes, durante e depois das convenções reforçaram meu pessimismo quanto à possibilidade de dias melhores na política partidária. Outro item da lei de Murphy dizia que o dia de amanhã poderá, e será, pior do que o dia de hoje. Quando pensávamos que nada mais poderia acontecer, em termos de fisiologismos partidários, eis que nossos políticos nos surpreenderam mais uma vez. Tanto é que jornalistas, analistas, além dos próprios políticos, tiveram que se esforçar para encontrar termos que pudessem explicar o que está acontecendo. O ex-deputado Gilvan Freire disse que: “a política ficou redonda, não tem mais lados”.

É que os políticos perderam de vez os poucos princípios que ainda tinham. Eles não mais escolhem este ou aquele lado para realizar suas alianças. A política ficou redonda, pois todo mundo circula por todos os lugares sem qualquer preocupação que seja. Até pouco tempo, políticos se davam ao direito de dizer que não conversariam com este ou aquele adversário. Hoje, todo mundo conversa com todo mundo. Não existem mais adversários verdadeiros. Qualquer um, qualquer um mesmo, pode vir a ser um aliado. Até o ano passado seria improvável ver o PMDB, de José Maranhão, nas mesas de negociação com o PSDB, de Cássio Cunha Lima. Até três meses atrás quem afirmasse que o PT paraibano se aliaria ao PSB de Ricardo Coutinho seria taxado de louco.

No final de semana, enquanto curtíamos a Copa do Mundo, os políticos andavam soltos pelas mesas de negociação numa promiscuidade política como nunca se viu na pequena e heroica Paraíba. Os partidos abandonaram de vez os preservativos democráticos. As notícias, os boatos e as falas dos atores provavam a política de terra arrasada que estava sendo praticada. Numa ora, o PT indicaria o vice-governador do PMDB. Já em outra, o PMDB estaria compondo com o PSB.  Um minuto depois, estava o PSB, do governador Ricardo Coutinho, a anunciar que tinha fechado uma aliança com o PT. Não mais do que de repente, víamos o senador Cássio Cunha Lima frequentando a casa da prefeita de Patos, Francisca Mota, do PMDB.

Na festa da democracia partidária ninguém é de ninguém. Todo mundo pode flertar, e até ficar um pouco, com todo mundo. Eduardo Paz, prefeito do Rio de Janeiro, disse que a proliferação indiscriminada de alianças se tornou um verdadeiro "bacanal eleitoral". Renan Palmeira, presidente do PSOL de João Pessoa, disse que com o vai e vem dos políticos paraibanos já está dando para ver as vísceras dos partidos políticos. Em outros tempos, os políticos ainda tinham algum pudor. As conversar eram mais reservadas. Agora não. As negociações, e as negociatas, são feitas às claras.

O movimento é sempre o mesmo. Primeiro, o político diz que está disposto a conversar com todo mundo e que não tem problema algum em dialogar com quem quer que seja. Depois, ele diz que as conversar estam afunilando e que, nas próximas horas, vai anunciar sua decisão. A partir daí, o político passa a circular pelas mesas de negociação dizendo o que quer para poder aportar nesta ou naquela coligação. Finalmente, o político anuncia sua decisão. Mas, ele nunca é taxativo, deixa sempre uma porta aberta. Vejam o caso do PMDB que sempre afirmou que teria uma candidatura própria, mas que não para de conversar e negociar com as outras forças políticas. Vejam que José Maranhão negou sempre que seria candidato ao senado, quando na verdade era para isso que ele se batia. Vejam que Veneziano Vital era o candidato do PMDB ao governo mesmo que soubéssemos de sua inviabilidade eleitoral.

Rômulo Gouveia, vice-governador do Estado, seria candidato ao senador com a disposição de abandonar o grupo político ao qual sempre pertenceu. Wilson Santiago foi, ou ainda é, candidato a senador de todos os grupos políticos existentes na Paraíba. Ricardo Coutinho já mudou seu candidato a vice-governador tantas vezes que, talvez, nem ele mesmo saiba quem é que vai sair com quem. O PSB e o PMDB ainda não anunciaram seus candidatos a vice -governador. O PMDB, inclusive, vem sangrando sob a espada de seus próprios filiados devido aos interesses de toda sorte. Teve partido que suspendeu sua convenção para que seus lideres fossem ter com certos chefes políticos para ouvirem a mais nova proposta de coligação. A volúpia eleitoral dos políticos gerou “frankensteins” eleitorais assustadores e ao mesmo tempo hilários.

Ricardo Coutinho se aliou ao PT. Tudo normal, se não fosse o fato de que o governador é do mesmo partido de Eduardo Campos, adversário de Dilma Rousseff. Mas, como diriam os americanos, quem se importa? No bacanal eleitoral pode tudo, tudo mesmo. Interessa ver como as siglas são jogadas de um lado para outro. Um grupo quer o PT com Ricardo, mas outro quer o PT com o PMDB. O PSDB não pode ter o PT, então trabalha para que ele fique com o PMDB, já que com o PSB pode ser o fiel da balança.  No PMDB existem dois grupos: um quer se aliar a Ricardo Coutinho e o outro a Cássio Cunha Lima. Nesse vai e vem, o senador Vital Fº teve sua candidatura ao governo do Estado anunciada e desanunciada três vezes.  O dito do inefável ACM nunca foi tão verdadeiro: “na política, abaixo do pescoço, tudo é canela”. Hoje, na política partidária paraibana, vale o principio do jogador uruguaio Luizito Suárez de que no jogo pode tudo, até morder.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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