segunda-feira, 21 de julho de 2014

ATENÇÃO, COMEÇOU DEBATE!

A equipe de jornalismo da Campina FM se reuniu com as assessorias jurídicas dos partidos e dos candidatos, ao governo do Estado da Paraíba, para que se definissem as regras para o grande debate que acontecerá no próximo dia 02 de setembro. Também se definiu datas, regras e a ordem para a sequência de entrevistas com os candidatos a governador, vice-governador e senador da República. Inclusive, fizemos a primeira dessas entrevistas, no sábado, com o candidato Antônio Radical do PSTU. A partir de agora teremos um sem número de debates e entrevistas com os candidatos aos cargos majoritários nas emissoras de rádio e televisão. Este é um processo sensível e que só quem deles já participou é que sabe como é difícil organizá-los e conduzi-los.

Até porque nós temos fraca tradição nos debates. Só vinhemos a adotá-los a partir das eleições de 1989. Tínhamos passado 21 anos sem ter eleições minimamente livres. Em 1989 estávamos reaprendendo a escolher nossos representantes, se é que aprendemos. Em 1976 o governo militar realizou eleições para lastrear a abertura lenta e gradual capitaneado por Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva. Nesta eleição já havia o guia eleitoral, mas era muito diferente da propaganda eleitoral de nossos dias. Claro, debates? Nem pensar! Na época, a propaganda eleitoral da televisão só mostrava a fotografia do candidato e uma voz metálica narrava o currículo do postulante. Eram os tempos das campanhas enfadonhas, sem forma e conteúdo.

Após a ditadura, a legislação eleitoral mudou e as campanhas ganharam muito na forma, em que pese continuarem pobres de conteúdo. Inclusive, ainda tem candidato utilizando o recurso de uma imagem fixa acompanhada de uma narração. Na verdade, as eleições se tornaram grandes espetáculos. Os debates passaram a ter ampla cobertura da mídia. Mas, é estranho que com tanta audiência eles sejam tão controlados, com regras bem definidas pela justiça eleitoral e pelos próprios candidatos. Certa vez, eu estava em Belo Horizonte e assisti um debate em que os candidatos tinham (pasmem!) 15 segundos para perguntar e 50 segundos para responder. Eles mal se olhavam e não podiam se referir diretamente um ao outro.

Sob o frágil argumento de manter o nível da discussão, baseado num suposto respeito ao eleitor-telespectador, os candidatos eram praticamente privados da critica e do livre exercício da apresentação de ideias e projetos. Se nos tempos da ditadura os candidatos eram simplesmente proibidos de falar aos eleitores, nos debates dos dias de hoje se pisa em ovos ao se referir aos candidatos e as questões político-eleitorais, pois tudo é passível de reprimendas e processos. Hoje, é preciso pensar e repensar sobre o que se vai dizer sobre um candidato, pois, como tudo e passível de interpretação, a possibilidade de se entender que houve uma agressão à pessoa do candidato é levada ao extremo.

Existem casos em que um fraco desempenho, num debate, pode levar um candidato a derrota. Quem não se lembra do debate do 2º turno de 1989, entre Collor e Lula, que literalmente terminou por pulverizar as chances de Lula? Quem não lembra o debate entre José Maranhão e Cássio Cunha Lima, na eleição de 2006? O desempenho de Maranhão contribuiu para sua derrota. Enquanto um candidato se fazia entender o outro mal conseguia se fazer ouvir. É que o debate serve para se aferir as inseguranças do candidato, pois ele tem que ser objetivo nas respostas, não pode gaguejar, nem assassinar a língua portuguesa. Além disso, espera-se que o candidato não fuja dos temas espinhosos.

O que de fato o eleitor quer é que o candidato mostre que têm propostas para todas as áreas abordadas. Notem que eu estou falando de propostas e não daquelas promessas mirabolantes que todo mundo sabe que não passa de firulas eleitorais. Tem candidato que de tão maquiado, mais se parece um ator. Eu sei que imagem é importante, mas sem conteúdo, não passa de dissimulação. O que eu não entendo, ou melhor, o que eu penso que entendo, é porque os debates têm tantas regras? Se o debate é controlado por toda sorte de regras, porque o momento em que o candidato aparece para sorrir, acenar, abraçar, beijar, também não? Porque não se controla a ação dos candidatos nas pavorosas carreatas que teremos que aturar?

Se você nunca teve a oportunidade, aproveite e assista um debate entre os candidatos a presidência dos EUA. É muito interessante. Inclusive, pelo “You Tube”, o caro ouvinte pode ver alguns desses debates legendados em português. Os candidatos americanos são colocados numa espécie de arena com um mediador que se limita a estimulá-los ao debate. Eles vão falando e um pode, aliás, deve apartar o outro. É um debate na sua forma mais clara. É um debate de verdade! O caro ouvinte quer saber qual o melhor debate para se assistir? É o que só tem uma regra: a que diz que o candidato é obrigado a se expor sem limitações. Debate em que os candidatos são enquadrados em um sem número de regras não é debate, é monólogo.


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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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