A equipe de
jornalismo da Campina FM se reuniu com as assessorias jurídicas dos partidos e
dos candidatos, ao governo do Estado da Paraíba, para que se definissem as
regras para o grande debate que acontecerá no próximo dia 02 de setembro.
Também se definiu datas, regras e a ordem para a sequência de entrevistas com
os candidatos a governador, vice-governador e senador da República. Inclusive,
fizemos a primeira dessas entrevistas, no sábado, com o candidato Antônio
Radical do PSTU. A partir de agora teremos um sem número de debates e
entrevistas com os candidatos aos cargos majoritários nas emissoras de rádio e
televisão. Este é um processo sensível e que só quem deles já participou é que
sabe como é difícil organizá-los e conduzi-los.
Até porque nós temos fraca tradição nos debates. Só vinhemos a adotá-los a
partir das eleições de 1989. Tínhamos passado 21 anos sem ter eleições
minimamente livres. Em 1989 estávamos reaprendendo a escolher nossos
representantes, se é que aprendemos. Em 1976 o governo militar realizou
eleições para lastrear a abertura lenta e gradual capitaneado por Ernesto
Geisel e Golbery do Couto e Silva. Nesta eleição já havia o guia eleitoral, mas
era muito diferente da propaganda eleitoral de nossos dias. Claro, debates? Nem
pensar! Na época, a propaganda eleitoral da televisão só mostrava a fotografia
do candidato e uma voz metálica narrava o currículo do postulante. Eram os
tempos das campanhas enfadonhas, sem forma e conteúdo.
Após a ditadura, a legislação eleitoral mudou e as campanhas ganharam
muito na forma, em que pese continuarem pobres de conteúdo. Inclusive, ainda
tem candidato utilizando o recurso de uma imagem fixa acompanhada de uma
narração. Na verdade, as eleições se tornaram grandes espetáculos. Os debates
passaram a ter ampla cobertura da mídia. Mas, é estranho que com tanta
audiência eles sejam tão controlados, com regras bem definidas pela justiça
eleitoral e pelos próprios candidatos. Certa vez, eu estava em Belo Horizonte e
assisti um debate em que os candidatos tinham (pasmem!) 15 segundos para
perguntar e 50 segundos para responder. Eles mal se olhavam e não podiam se
referir diretamente um ao outro.
Sob o frágil argumento de manter o nível da discussão, baseado num suposto
respeito ao eleitor-telespectador, os candidatos eram praticamente privados da
critica e do livre exercício da apresentação de ideias e projetos. Se nos
tempos da ditadura os candidatos eram simplesmente proibidos de falar aos eleitores,
nos debates dos dias de hoje se pisa em ovos ao se referir aos candidatos e as
questões político-eleitorais, pois tudo é passível de reprimendas e processos.
Hoje, é preciso pensar e repensar sobre o que se vai dizer sobre um candidato,
pois, como tudo e passível de interpretação, a possibilidade de se entender que
houve uma agressão à pessoa do candidato é levada ao extremo.
Existem casos em que um fraco desempenho, num debate, pode levar um
candidato a derrota. Quem não se lembra do debate do 2º turno de 1989, entre
Collor e Lula, que literalmente terminou por pulverizar as chances de Lula?
Quem não lembra o debate entre José Maranhão e Cássio Cunha Lima, na eleição de
2006? O desempenho de Maranhão contribuiu para sua derrota. Enquanto um candidato
se fazia entender o outro mal conseguia se fazer ouvir. É que o debate serve
para se aferir as inseguranças do candidato, pois ele tem que ser objetivo nas
respostas, não pode gaguejar, nem assassinar a língua portuguesa. Além disso,
espera-se que o candidato não fuja dos temas espinhosos.
O que de fato o eleitor quer é que o candidato mostre que têm propostas
para todas as áreas abordadas. Notem que eu estou falando de propostas e não
daquelas promessas mirabolantes que todo mundo sabe que não passa de firulas
eleitorais. Tem candidato que de tão maquiado, mais se parece um ator. Eu sei
que imagem é importante, mas sem conteúdo, não passa de dissimulação. O que eu
não entendo, ou melhor, o que eu penso que entendo, é porque os debates têm
tantas regras? Se o debate é controlado por toda sorte de regras, porque o
momento em que o candidato aparece para sorrir, acenar, abraçar, beijar, também
não? Porque não se controla a ação dos candidatos nas pavorosas carreatas que
teremos que aturar?
Se você nunca teve a oportunidade, aproveite e assista um debate entre os
candidatos a presidência dos EUA. É muito interessante. Inclusive, pelo “You
Tube”, o caro ouvinte pode ver alguns desses debates legendados em português.
Os candidatos americanos são colocados numa espécie de arena com um mediador
que se limita a estimulá-los ao debate. Eles vão falando e um pode, aliás, deve
apartar o outro. É um debate na sua forma mais clara. É um debate de verdade! O
caro ouvinte quer saber qual o melhor debate para se assistir? É o que só tem
uma regra: a que diz que o candidato é obrigado a se expor sem limitações.
Debate em que os candidatos são enquadrados em um sem número de regras não é
debate, é monólogo.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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