No Raio X das coligações
partidárias vemos de tudo um pouco, menos coerência política. Hoje, o que temos
é um sistema político-eleitoral moderno e eficiente na forma, mas com um
conteúdo pouco democrático e antirrepublicano. Para essas eleições, os partidos
fizeram uma espécie de pacto entre eles, de forma que pudessem realizar todo e
qualquer tipo de coligação política, passando ao largo das composições
realizadas em nível nacional, visando às eleições presidenciais. As duas
alianças políticas mais duradouras que temos é a do PSDB com o DEM, antigo PFL,
e a do PT com o PMDB. Os dois primeiros estam juntos desde a primeira eleição
de Fernando Henrique Cardoso em 1994.
O PMDB está com o PT desde que este ocupou o governo, como estaria com
qualquer outro, pois, como sabemos, o PMDB é governista por definição. Mas,
esse longo histórico de alianças não foi suficiente para evitar o que estamos
vendo neste momento. Num sistema democrático se repetiria, nos Estados, o que
se compôs nacionalmente. Mas, como ainda vivemos no tempo da política dos
governadores, se montam coligações paroquiais para atender aos interesses dos
grupos politico-familiares. PT e PMDB mantiveram, aos trancos e barrancos,
diga-se de passagem, a aliança nacional. Mas, apenas em nove estados eles vão juntos
para as urnas em outubro. Nas outras 18 Unidades da Federação, PMDB e PT vão
mesmo é se enfrentar no 1º turno.
Nos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, Pernambuco,
Piauí, Rio Grande do Norte, Acre e Roraima o PMDB se aliou ao PSDB que vem a
ser o principal adversário de seu principal aliado, o PT. O PMDB segue a risca
a ideia de que o inimigo de meu inimigo é meu amigo. Ou seja, para combater um
adversário mais poderoso tudo é permitido, inclusive se aliar aos adversários
tidos como mais fracos. O PSDB de Aécio Neves não pode reclamar de que PT e
PMDB, seus dois principais adversários em nível nacional, não são coerentes,
pois ele só se aliou com seus coligados nacionalmente nos estados de São Paulo,
Alagoas e Santa Catarina.
No Mato Grosso o PSDB se aliou ao PP, PRB e PDT, todos aliados de Dilma.
Não satisfeito, se aliou ao próprio PSB de Eduardo Campos. No Amazonas, ele
compõe um conglomerado multipartidário de 15 siglas aliadas de Dilma, de Aécio
e de Eduardo. Na Bahia, o DEM lançou Paulo Souto ao governo do Estado e conta
com o apoio de PMDB, PSDB e PPS que se aliou com o PSB, de Eduardo Campos, em
nível nacional. O PPS rompeu com a antiga aliança que tinha com o PSDB, mas só
em nível nacional. Em termos de incoerência e senso de oportunidade
político-eleitoral nada se compara ao PP que permanece aliado ao governo
federal e integra a coligação de Dilma. Mas, seu diretório nacional liberou
seus estaduais para comporem com quem bem quiserem.
O PP é um daqueles partidos que se junta com quem der e puder desde que
seja para viabilizar aqueles interesses mais paroquiais de seus caciques
regionais. Podemos vê-lo aliado, nos Estados, ora com o PMDB, ora com o PT, ora
com o PSDB. No Acre e em Santa Catarina o PP se aliou ao PSDB. Já em Roraima,
compõe singela coligação com DEM e PTB, ambos aliados de Aécio. No Tocantins, o
PP está na multicolorida coligação que lançou Sandoval Cardoso, do SD, ao
governo estadual. No Rio Grande do Norte, Henrique Alves (PMDB) é candidato a
governador a frente de uma mega coligação composta de 18 partidos. Nela tem de
tudo: gregos, troianos, espartanos, sertanejos, brejeiros, litorâneos e tudo o
mais que se puder e quiser.
Mas, o caro ouvinte quer um recorde, digno do Guinness Book, veja o caso
do Estado de Pernambuco. O PSB lançou Paulo Câmara ao governo do Estado numa
coligação com a incrível marca de 21 partidos. Existem, hoje, registrados no
TSE 32 partidos políticos. Destes, apenas 11 não estam apoiando a candidatura
do PSB de Pernambuco. Isso é algo incrível. Eu considero um verdadeiro case da
engenharia política, pois se conseguiu colocar no mesmo palanque estadual todos
os adversários em nível nacional. É dessa maneira, loteando os partidos, que as
coligações se organizam sempre visando o tempo da propaganda gratuita eleitoral
e nunca prestando atenção na possibilidade dessa coligação vir a ser a base de
sustentação de um futuro governo.
O poder de uma coligação se mede pelo número de partidos que ela consegue
amealhar e pelo tempo que ela possui no radio e na TV. Neste momento, as
barganhas políticas se dão, literalmente, na base do vale quanto pesa. Em
Pernambuco algum político deve estar, neste momento, batendo no peito e
dizendo: “eu tenho 21 partidos na minha coligação e quase 11 minutos no guia eleitoral”. Ou seja, ele está demonstrando o quanto está
forte para ir enfrentar as urnas. O processo político-eleitoral mais se define
neste momento do que propriamente naquele outro aonde nós, os eleitores, vamos
às urnas. É que nosso sistema é assim: você pode até ter muitos votos, mas se
não tiver partidos e tempo é melhor esquecer todo o resto.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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