Já se disse por
aí que as candidaturas nanicas são enigmas numa eleição e que podem até
surpreender. Apesar de que, até hoje, o único nanico que abalou as estruturas
do nosso sistema eleitoral foi Enéas Carneiro do extinto PRONA. Enéas foi
candidato pela primeira vez em 1989. Seu tempo no guia eleitoral era de
dezessete segundos. Com uma fala rápida, estridente, e uma aparência exótica,
Enéas passava sua mensagem inflamada, ultranacionalista, beirando ao fascismo.
Um ilustre desconhecido, que terminava sua fala com o bordão “meu nome é
Enéas”, teve quase 400 mil votos numa única eleição. Mas, nos dias de hoje,
nanicos não nos alarmam mais. O máximo que fazem é ajudar a levar a eleição
para o 2º turno.
A pesquisa do Datafolha, da semana passada, mostrou que as candidaturas
nanicas somam 5 pontos percentuais. Considerando que Dilma tem 36% e que todos
os outros candidatos empatam com ela, os nanicos estam tendo papel relevante
neste momento. Não fossem estes 5%, dos pigmeus da eleição presidencial, as
chances de Dilma se eleger, já no 1º turno, aumentariam consideravelmente. Por
isso mesmo, Aécio Neves deve cortejar a nanicada, pois cada 1 ponto percentual
pode fazer a diferença. Mas, nas 3 últimas eleições os candidatos nanicos
tiveram votação inferior a 3%. Em 2010, Dilma teve 46.91% dos votos no 1º
turno. Os nanicos somados tiveram 1.15%. Ou seja, eles não influíram no
processo. Funcionaram como o que de fato são – nanicos.
Uma candidatura nanica que já se tornou conhecida do eleitorado brasileiro
é a de José Maria Eymael, do Partido Social Democrata Cristão. Assim como as
candidaturas de Levy Fidelix, do PRTB, e de José Maria, do PSTU, ela tem forte
viés ideológico. É que as pequenas candidaturas, que não são viáveis do ponto
de vista eleitoral, podem se dar ao luxo de conservarem seus ideias, de direita
ou de esquerda, não importa, ao contrário das grandes candidaturas contaminadas
pelo fisiologismo pouco republicano. José Maria Eymael se auto intitula um
democrata-cristão. Em vários países europeus a democracia cristã é uma sólida
ideologia. Seus partidos são respeitados e governam há muito tempo. No Brasil,
o cristianismo é forte e hegemônico. Já a democracia...
Eymael é um nanico de longa data. Sua primeira aventura nas urnas foi em
1985 quando se candidatou a prefeito de São Paulo, ficando em último lugar. Foi
nessa eleição que ele adotou o jingle, que até hoje usa, “Ey, Ey. Eymael, um
democrata cristão". Em 1986 ele se elegeu deputado federal constituinte.
Em 1990 se reelegeu com os votos dos setores cristãos mais conservadores da
sociedade paulista. Em 1992 ele tentou, mais uma vez, a prefeitura de São Paulo
e, mais uma vez, sofreu fragorosa derrota. Se em eleições proporcionais, Eymael
foi sempre bem sucedido, nas majoritárias nunca teve bons desempenhos. E, já é
de se perguntar, por que é que ele insiste em eleições presidenciais? Eymael
foi candidato à presidência da República em 1998, 2006 e 2010.
Em todas, e neste ano não será diferente, Eymael resume seu discurso, e
baseia suas propostas, num compromisso com a família, com a defesa de seus
valores e no atendimento pleno de suas necessidades. Eymael só não fala mesmo
em é democracia. Na eleição de 1998, Eymael ficou em 9º lugar, entre 12
candidatos, com 171.831 votos. Em 2006, tivemos 08 candidatos. Eymael só
conseguiu ficar em 6º lugar com 63.294 votos, menos da metade da eleição de
1998. Já em 2010, as coisas foram um pouco melhor, mas nada que desse estatura
ao nanismo de Eymael. Para um total de 09 candidatos, Eymael ficou em 5º lugar
e obteve exatos 89.350 votos. E em 2014? O que deve Eymael esperar das urnas?
Eu suponho que ele deve esperar mais do mesmo, ou melhor, menos do mesmo.
É que este ano são sete candidaturas nanicas. E, dentre elas, Levy Fidelix e
Pastor Everaldo possuem o mesmo perfil conservador, cristão, de direita a lhe
fazer concorrência direta. Uma coisa comum às candidaturas nanicas é o
conservadorismo de ideias e dos programas políticos que apresentam, além da
forma arcaica de se fazer campanha. O PSDC de Eymael vem desde a muito se
apresentando sempre da mesma maneira. Este partido concorreu às eleições de
2006 com 25 candidatos a governador de Estado e 17 candidatos ao Senado
Federal. Na época, apresentou um projeto político intitulado "Transformar
o Estado de senhor em servidor".
O caro ouvinte quer saber quantos desses candidatos se elegeram? Nenhum!
Seria de se esperar que em 2010, o PSDC viesse renovado no discurso e na forma.
Mas, não veio, pelo contrário, o programa, as ideias e até o jingle de campanha
eram os mesmos. Eymael tem afirmado que as redes sociais reduziram a
importância da TV na eleição, mas não diz como pretende utilizá-las. Como todo
candidato nanico, Eymael tem lá suas megalomanias. Ele afirma que chegará ao 2º
turno contra Dilma ou Aécio Neves. O seu discurso é uma mistura de preceitos
políticos e de ensinamentos do Evangelho, recheado de promessas e de propostas
pouco interessantes. Nisso tudo, Eymael não é diferente dos outros nanicos,
muito menos dos gigantes da política eleitoral.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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