quinta-feira, 3 de julho de 2014

QUEM GANHA E QUEM PERDE NO BACANAL ELEITORAL – Parte II.

Ontem, eu falei dos políticos que estam saindo das convenções partidárias menores do que entraram. Mas, o processo foi tão violento que talvez não possamos apontar um político, que esteja saindo incólume, do que venho chamando de bacanal eleitoral. Atores e partidos políticos relevantes tiveram que se expor a situações pouco, ou nada, republicanas. Assim, não dá para dizer quem saiu limpo desse processo. É aquela história de que se você não quer cheirar mal, não deve se misturar aos porcos. Neste momento, sabemos que o PMDB possui uma candidatura própria. O senador Vital Filho lançou sua postulação ao governo do Estado tendo o ex-governador Roberto Paulino como seu vice. José Maranhão compõe a chapa como candidato ao senado.

Mas, o PMDB ainda não bateu o martelo sobre sua chapa. Suas principais lideranças ainda alimentam alguma esperança de que o PT possa abandonar a recentíssima aliança, com o PSB de Ricardo Coutinho, e se realinhar ao PMDB. Há, também, alguma chance, remota, diga-se de passagem, do próprio PMDB ir para a composição do governador Ricardo Coutinho. Neste caso, Lucélio Cartaxo, do PT, passaria a ser o vice de Ricardo e José Maranhão o candidato ao senado. Na verdade, o que ainda se tenta é reaproximar o PT do PMDB, pois estes partidos encabeçam a chapa da presidente Dilma e do vice-presidente Michel Temer. Será mesmo muito estranho vê-los em palanques diferentes na Paraíba.

Ontem, José Maranhão deu uma entrevista que revela bem a questão. Mesmo insistindo que a situação do partido está definida, em relação a ter candidatura própria, ele não negou que o PT é, ainda, uma questão tratada dentro do PMDB. Maranhão afirmou que ainda tenta reatar a parceria com o PT paraibano, pois existe uma aliança nacional com a chapa Dilma/Michel. Em tom premonitório, talvez ameaçatório, ele disse que “essa conversa ainda terá desdobramentos nesta semana”. Maranhão disse, também, que a luta não é pelo PT, mas por uma aliança que foi estabelecida há muito tempo. Por fim ele disse que: “não estamos lutando por uma aliança, estamos lutando por um prejuízo que tivemos”. Mais claro? Impossível!

O PMDB paraibano se apequenou. Pelos interesses paroquiais e pouco republicanos, o maior partido do país abriu mão da prerrogativa de lutar pela hegemonia política. Pior, rolou pelas mesas de negociação como se não tivesse suas próprias demandas. A rigor, uma chapa que tem um senador do alto clero, como Vital Filho, e dois ex-governadores, um candidato a vice e outro ao senado, deveria ser temida. Pelo contrário, a situação do PMDB é crítica, pois tem que escolher entre o ruim e o pior. Se é ruim sair em chapa puro sangue para colecionar mais uma derrota, pior é não poder dar as cartas na mesa de negociação. O PMDB parece mesmo pouco interessado em disputar, de fato, o governo estadual.

Vejam que seu candidato, o senador Vital Filho, não parece ter sua eleição como uma prioridade. Ele já afirmou que, mesmo na condição de candidato a governador, não vai abandonar as duas CPIs da Petrobras, que preside, no Congresso Nacional. Ele sequer cogita a possibilidade de se licenciar do Senado Federal para conduzir sua campanha. Estranho? Não, se considerarmos que os acordos de agora vão se estender até o 2º turno da eleição, quando poderemos enxergar mais e melhor os acertos de hoje. Mas, nada se compara a via crucis enfrentada pelo governador Ricardo Coutinho para compor sua chapa majoritária. Na semana passada, ele provou ser um grande articulador, além de eficiente estrategista, ao trazer o PT para sua coligação.

Nesta semana ele provou o outro lado da moeda. De uma maneira difícil de explicar, Ricardo foi ficando sem opções. A prova disso é que ele foi para a convenção do PSB sem um vice para apresentar e de lá saiu da mesma maneira. As fotos da convenção mostram Ricardo e seus mais novos aliados do PT. Sem um vice para chamar de seu, Ricardo se postou entre os irmãos Cartaxo. De uma forma trágica, e até cômica, o governador partiu em busca de um vice. Entre o domingo e a terça-feira vários políticos da Paraíba eram tidos como um vice em potencial de Ricardo. Foi vexatório ver o governador correndo de um lado para o outro atrás de um vice. Pior, era vê-lo colecionando respostas negativas.


Vital, Veneziano e a mãe deles, Maranhão e Manoel Jr., Efraim filho, e seu pai, a família Ribeiro, Arthur Bolinha, Napoleão Maracajá, Adriano Galdino, Buega Gadelha. Estes são alguns dos convidados a compor a chapa do governador. Todos disseram não a Ricardo que, no final, apresentou, como sua vice, a médica Lígia Feliciano, esposa do deputado Damião Feliciano. Segundo o governador, Lígia foi escolhida por ter uma, duvidosa, admitamos, “densidade eleitoral em Campina Grande”. Mas, naquelas circunstâncias, não precisava justificar nada, pois o processo, e o desgaste por ele gerado, falam por si só. O que estranho é o governador, candidato à reeleição, deixando de ser polo de atração para ser tornar algo repulsivo. A questão a ser enfrentada agora é: porque tantos atores e partidos políticos não quiseram compor com o governador? Mas, essa é uma questão para outro POLITICANDO, pois agora é que vai começar a campanha propriamente dita.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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