Ontem, eu falei
dos políticos que estam saindo das convenções partidárias menores do que
entraram. Mas, o processo foi tão violento que talvez não possamos apontar um
político, que esteja saindo incólume, do que venho chamando de bacanal
eleitoral. Atores e partidos políticos relevantes tiveram que se expor a
situações pouco, ou nada, republicanas. Assim, não dá para dizer quem saiu
limpo desse processo. É aquela história de que se você não quer cheirar mal,
não deve se misturar aos porcos. Neste momento, sabemos que o PMDB possui uma
candidatura própria. O senador Vital Filho lançou sua postulação ao governo do
Estado tendo o ex-governador Roberto Paulino como seu vice. José Maranhão
compõe a chapa como candidato ao senado.
Mas, o PMDB ainda não bateu o martelo sobre sua chapa. Suas principais
lideranças ainda alimentam alguma esperança de que o PT possa abandonar a
recentíssima aliança, com o PSB de Ricardo Coutinho, e se realinhar ao PMDB.
Há, também, alguma chance, remota, diga-se de passagem, do próprio PMDB ir para
a composição do governador Ricardo Coutinho. Neste caso, Lucélio Cartaxo, do
PT, passaria a ser o vice de Ricardo e José Maranhão o candidato ao senado. Na
verdade, o que ainda se tenta é reaproximar o PT do PMDB, pois estes partidos
encabeçam a chapa da presidente Dilma e do vice-presidente Michel Temer. Será
mesmo muito estranho vê-los em palanques diferentes na Paraíba.
Ontem, José Maranhão deu uma entrevista que revela bem a questão. Mesmo
insistindo que a situação do partido está definida, em relação a ter
candidatura própria, ele não negou que o PT é, ainda, uma questão tratada
dentro do PMDB. Maranhão afirmou que ainda tenta reatar a parceria com o PT
paraibano, pois existe uma aliança nacional com a chapa Dilma/Michel. Em tom
premonitório, talvez ameaçatório, ele disse que “essa conversa ainda terá desdobramentos nesta semana”. Maranhão
disse, também, que a luta não é pelo PT, mas por uma aliança que foi
estabelecida há muito tempo. Por fim ele disse que: “não estamos lutando por uma aliança, estamos lutando por um prejuízo
que tivemos”. Mais claro? Impossível!
O PMDB paraibano se apequenou. Pelos interesses paroquiais e pouco
republicanos, o maior partido do país abriu mão da prerrogativa de lutar pela
hegemonia política. Pior, rolou pelas mesas de negociação como se não tivesse
suas próprias demandas. A rigor, uma chapa que tem um senador do alto clero,
como Vital Filho, e dois ex-governadores, um candidato a vice e outro ao
senado, deveria ser temida. Pelo contrário, a situação do PMDB é crítica, pois
tem que escolher entre o ruim e o pior. Se é ruim sair em chapa puro sangue
para colecionar mais uma derrota, pior é não poder dar as cartas na mesa de
negociação. O PMDB parece mesmo pouco interessado em disputar, de fato, o
governo estadual.
Vejam que seu candidato, o senador Vital Filho, não parece ter sua eleição
como uma prioridade. Ele já afirmou que, mesmo na condição de candidato a
governador, não vai abandonar as duas CPIs da Petrobras, que preside, no
Congresso Nacional. Ele sequer cogita a possibilidade de se licenciar do Senado
Federal para conduzir sua campanha. Estranho? Não, se considerarmos que os
acordos de agora vão se estender até o 2º turno da eleição, quando poderemos
enxergar mais e melhor os acertos de hoje. Mas, nada se compara a via crucis
enfrentada pelo governador Ricardo Coutinho para compor sua chapa majoritária.
Na semana passada, ele provou ser um grande articulador, além de eficiente
estrategista, ao trazer o PT para sua coligação.
Nesta semana ele provou o outro lado da moeda. De uma maneira difícil de
explicar, Ricardo foi ficando sem opções. A prova disso é que ele foi para a
convenção do PSB sem um vice para apresentar e de lá saiu da mesma maneira. As
fotos da convenção mostram Ricardo e seus mais novos aliados do PT. Sem um vice
para chamar de seu, Ricardo se postou entre os irmãos Cartaxo. De uma forma
trágica, e até cômica, o governador partiu em busca de um vice. Entre o domingo
e a terça-feira vários políticos da Paraíba eram tidos como um vice em potencial
de Ricardo. Foi vexatório ver o governador correndo de um lado para o outro
atrás de um vice. Pior, era vê-lo colecionando respostas negativas.
Vital, Veneziano e a mãe deles, Maranhão e Manoel Jr., Efraim filho, e seu
pai, a família Ribeiro, Arthur Bolinha, Napoleão Maracajá, Adriano Galdino,
Buega Gadelha. Estes são alguns dos convidados a compor a chapa do governador.
Todos disseram não a Ricardo que, no final, apresentou, como sua vice, a médica
Lígia Feliciano, esposa do deputado Damião Feliciano. Segundo o governador,
Lígia foi escolhida por ter uma, duvidosa, admitamos, “densidade eleitoral em
Campina Grande”. Mas, naquelas circunstâncias, não precisava justificar nada,
pois o processo, e o desgaste por ele gerado, falam por si só. O que estranho é
o governador, candidato à reeleição, deixando de ser polo de atração para ser
tornar algo repulsivo. A questão a ser enfrentada agora é: porque tantos atores
e partidos políticos não quiseram compor com o governador? Mas, essa é uma
questão para outro POLITICANDO, pois agora é que vai começar a campanha
propriamente dita.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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