segunda-feira, 7 de maio de 2012

AFINAL, PARA QUE SERVE UM VICE? O EFEITO JOSÉ ALENCAR EM CAMPINA GRANDE.



Por motivos até difíceis de precisar, nos acostumamos a dizer que o vice não serve para nada. Jô soares até tinha um quadro em seu programa onde brincava com isso. A desvalorização do vice pode ser explicada pela hipervalorização que damos aos personagens da política e desimportância com que lidamos com os partidos.



Foi o ex Vice-Presidente José Alencar que quebrou o paradigma. Ele demonstrou em vários momentos a importância que pode ter um vice. Tivemos que nos acostumar com os puxões que ele dava nas orelhas do governo do qual fazia parte. Alencar sabia que jamais faria sombra ao presidente Lula. Assim, desenvolveu uma forma de mostrar suas divergências. Pela imprensa, ele dizia aquilo que os homens fortes do governo Lula não queriam ouvir.



Alencar era uma espécie de crítico-amigo do governo Lula. Em 2005, disse à imprensa que o governo adia coisas urgentes que precisam ser feitas”. Disse que o governo não fazia nada de importante na saúde e na educação. Sem contar, as criticas ferozes aos juros altos. Ele viajava o Brasil, dando palestras onde criticava o governo de seu compadre Lula.



Alencar morreu, mas deixou seguidores. O nosso vice-prefeito, José Luiz Jr., vez por outra incorpora o papel do vice que não se contenta em apenas fazer parte da paisagem. Como o prefeito Veneziano muito raramente permite que seu vice assuma a titularidade do cargo, ele termina tendo tempo para refletir sobre a política local. \Vez por outra ele concede entrevistas onde faz questão de expor suas opiniões, independente se a favor ou contra o governo do qual faz parte.



Recentemente, em uma entrevista ao jornalista Arimatéia Souza, Zé Luiz avaliou o quadro político da cidade e não se furtou a discordar do prefeito Veneziano. Enquanto o prefeito afirmava que o PT o traiu, que não podia ter saído do governo e que aliança PT/PP foi uma punhalada nas costas do governo municipal. O vice-prefeito dizia que “o PT tem sim direito de acabar com a aliança, que é uma coisa normal e que não tem essa de se sentir traído, não”.



Classificou as declarações de Veneziano, sobre o caso do PT, como uma “atitude impensada e desesperada”. E ainda disse que a decisão do PT tinha que ser respeitada. Porque essa declaração importa tanto? Porque não foi alguém da oposição que a deu, mas sim um membro importante do governo Veneziano.



Para Zé Luiz,Tatiana Medeiros já deveria ter deixado o cargo de secretaria de saúde para se dedicar a campanha. O seu tom não era de quem nutria mágoas e rancores, mas também não de quem se sente confortável. Outra polêmica do vice-prefeito foi dizer que a escolha repentina do vice de Tatiana foi para desviar às atenções da aliança PT/PP.



Certo, sempre poderá se dizer que Zé Luiz só fez tais afirmações motivado pelo fato de Veneziano ter escolhido Tatiana Medeiros, ao invés dele próprio, para a sucessão municipal. O fato é que as atitudes de Zé Luiz dão significado ao papel do vice e o trazem para os holofotes, em que pese também demonstrarem as fissuras do governo municipal.