terça-feira, 22 de maio de 2012

A POLÍTICA PRÉ-ELEITORAL NO FUNDO DO POÇO.


O pré-candidato a prefeito de Campina Grande, pelo PTB, Arthur Almeida deu uma declaração expondo o que para ele seria o fundo do poço da política eleitoral. As declarações de Arthur giraram em torno de seu desapontamento sobre o que ele mesmo denominou de “ambiente pre-eleitoral de Campina Grande”.



Ele se referiu ao atual período, onde partidos e atores políticos finalizam articulações e negociações visando às convenções partidárias do próximo mês. Arthur disse que “(...) o que temos visto é de assustar. Causa espanto a fragilidade nas posições e nos discursos. Estamos no limite do fundo do poço”. Para que Arthur tenha dado uma declaração tão forte como esta, algo grave aconteceu. Talvez ele tenha recebido uma proposta daquelas de fazer corar até Paulo Maluf.



Arthur disse, ainda, que a sociedade paga um preço alto por este processo e que nas conversações, visando às coligações, o “que existe são verdadeiras negociatas”. Por fim, ele disse que são “raros os partidos que discutem um projeto para a cidade”. Quanto a isso, nenhuma novidade. Nada do que se surpreender.



Arthur jogou no ventilador o que já sabemos. É notório que quando um candidato desiste de sua postulação é porque, em geral, houve uma “verdadeira negociata”. Esta declaração seria mera especulação se Arthur não estivesse envolvido até a medula no processo que define quem concorrerá à prefeitura municipal.



Arthur pressentiu a gravidade das declarações que dava e tentou amenizá-las, até para poder justificar porque está envolvido nas tais negociações políticas. Disse ele que “essas questões não me desmotivam, pois a verdadeira aliança é com o povo”. Na verdade, com o povo se faz um contrato selado através do voto.



Independente de qualquer coisa, Arthur prestou um grande serviço à sociedade quando expôs que as “verdadeiras negociatas” existem. Assim, não temos mais dúvidas que alianças e coligações são fechadas através de negociações em que propostas e projetos são o que menos importam. Passamos a ter certeza que o toma-lá-da-cá existe de fato. Que se negociam apoios em troca de cargos ou futuras postulações e até mesmo dinheiro, porque não?



O fato é que antes da declaração, já sabíamos que no “ambiente pré-eleitoral” impera um altíssimo nível de objetividade e pragmatismo. Talvez não soubéssemos que estivessem praticando essa política de terra arrasada. Os partidos se unem visando o tempo que terão no guia eleitoral. Juntam-se visando composições em nível parlamentar que lhes garantirá governabilidade.



Mas, existem níveis diferenciados de aliança. Uma coisa é partidos com bancadas consolidadas no parlamento se unirem em torno de um projeto de governo. Mesmo que possam fatiar o poder, decidindo quem fica com a cabeça da chapa, quem é o vice candidato e que dividam as secretarias de governo entre si. Outra coisa é um partido grande atrair um pequeno partido, sem representação parlamentar, que nunca ocupou o poder, na base do favorecimento material. Deve ser sobre isso, e outras coisas mais, que nos fala Arthur Almeida. Os grandes partidos foram às compras. Quem dá mais?