quarta-feira, 2 de maio de 2012

POR UMA CAMPANHA ELEITORAL ECOLOGICAMENTE LIMPA.


A Câmara de Vereadores de Campina Grande resolveu contrariar a lei de Murphy, aquela que diz que nada é tão ruim que não possa piorar, e fez algo para que a campanha eleitoral desse ano melhore. Os vereadores resolveram ouvir o clamor de setores da sociedade campinense e declararam guerra as passeatas e carreatas durante a campanha eleitoral. 
Metuselá Agra e Antônio Pereira, ambos do PMDB, entregaram um ofício ao juiz Eli Jorge Trindade, responsável pela propaganda de rua. Nele solicita-se que passeatas e as pavorosas carreatas sejam proibidas. Este ofício é fruto de um requerimento aprovado numa sessão ordinária.

Eis uma prova de que os vereadores sabem cumprir o papel que a sociedade lhes delega. Sabem trazer para a casa de Félix Araújo o clamor da sociedade. Tiveram suficiente sensibilidade para entender o poder que possuem. Essa é a melhor forma possível de demonstrar que não são gazeteiros ou irresponsáveis. Quando se disser que (SIC) “tem vereador brincando de legislar” que se mostre o ofício enviado ao TRE. Melhor do que esbravejar por causa de criticas é mostrar trabalho sério e coletivo em prol da sociedade. 
A justificativa dos vereadores é que passeatas e carreatas não acrescentam em nada à eleição; que só trazem prejuízos à população, por estimular a violência. A discussão demonstra que a ordem político-social da cidade é ameaçada na medida em que o acirramento entre eleitores, políticos e partidos só aumenta.

O juiz Eli Jorge compreendeu o ato dos vereadores. Até destacou a iniciativa considerando a importância dos vereadores como representantes do povo. Foi salutar ele ter lembrado que quase todos os partidos têm representação política na Câmara. O que dá um status de legitimidade ao ato. Só que não é de hoje que se quer providencias. Em 2008, o promotor eleitoral de mídia, Herbert Targino, propôs o fim das carreatas por causarem turbulências no tecido social. Eleições são tratadas como “festa da democracia”. Temos comícios, passeatas, carretas, festas e corpo-a-corpo. Muitos eleitores encaram a campanha como diversão.

Candidatos andam por aí com bandas de música, fogos e trios elétricos. Tudo para chamar atenção do eleitor. Ouve-se de tudo, menos as propostas dos candidatos. As passeatas e carreatas enojam, denigrem e poluem o meio ambiente. Experimente andar pelas ruas após esses eventos e veja a sujeira que fica. Mas, o que faz alguém seguir em uma imensa fila de carros, por horas a fio, num barulho ensurdecedor, sob um calor insuportável? Seriam os “bônus” para que se abasteçam os carros, de preferência no posto de combustíveis de um aliado do candidato? As carreatas são, na verdade, moeda de troca de favores. Muitos são obrigados a delas participar sob pena de perder um favor, uma benesse ou um emprego. Mas, o pior é a gritante contradição do candidato que aparece no guia eleitoral prometendo cuidar do meio ambiente e depois vai às ruas denegri-lo. A iniciativa dos vereadores de Campina Grande é louvável. Mas, que tal não votar em quem diz uma coisa no guia eleitoral e faz outra na rua?