A Câmara de Vereadores de Campina Grande resolveu contrariar a lei de Murphy, aquela que diz que nada é tão ruim que não possa piorar, e fez algo para que a campanha eleitoral desse ano melhore. Os vereadores resolveram ouvir o clamor de setores da sociedade campinense e declararam guerra as passeatas e carreatas durante a campanha eleitoral.
Metuselá Agra e Antônio Pereira,
ambos do PMDB, entregaram um ofício ao juiz Eli Jorge Trindade, responsável
pela propaganda de rua. Nele solicita-se que passeatas e as pavorosas carreatas
sejam proibidas. Este ofício é fruto de um requerimento aprovado numa sessão
ordinária.
Eis uma prova de que os vereadores
sabem cumprir o papel que a sociedade lhes delega. Sabem trazer para a casa de
Félix Araújo o clamor da sociedade. Tiveram suficiente sensibilidade para
entender o poder que possuem. Essa é a melhor forma possível de demonstrar que
não são gazeteiros ou irresponsáveis. Quando se disser que (SIC) “tem vereador brincando de legislar” que
se mostre o ofício enviado ao TRE. Melhor do que esbravejar por causa de
criticas é mostrar trabalho sério e coletivo em prol da sociedade.
A justificativa dos vereadores é que
passeatas e carreatas não acrescentam em nada à eleição; que só trazem
prejuízos à população, por estimular a violência. A discussão demonstra que a
ordem político-social da cidade é ameaçada na medida em que o acirramento entre
eleitores, políticos e partidos só aumenta.
O juiz Eli Jorge compreendeu o ato
dos vereadores. Até destacou a iniciativa considerando a importância dos
vereadores como representantes do povo. Foi salutar ele ter lembrado que quase
todos os partidos têm representação política na Câmara. O que dá um status de
legitimidade ao ato. Só que não é de hoje que se quer providencias.
Em 2008, o promotor eleitoral de mídia, Herbert Targino, propôs o fim das
carreatas por causarem turbulências no tecido social. Eleições são tratadas
como “festa da democracia”. Temos comícios, passeatas, carretas, festas e
corpo-a-corpo. Muitos eleitores encaram a campanha como diversão.
Candidatos andam por aí com bandas
de música, fogos e trios elétricos. Tudo para chamar atenção do eleitor. Ouve-se
de tudo, menos as propostas dos candidatos. As passeatas e carreatas enojam,
denigrem e poluem o meio ambiente. Experimente andar pelas ruas após esses
eventos e veja a sujeira que fica. Mas, o que faz alguém seguir em uma imensa
fila de carros, por horas a fio, num barulho ensurdecedor, sob um calor
insuportável? Seriam os “bônus” para que se abasteçam os carros, de preferência
no posto de combustíveis de um aliado do candidato? As carreatas são, na
verdade, moeda de troca de favores. Muitos são obrigados a delas participar sob
pena de perder um favor, uma benesse ou um emprego. Mas, o pior é a gritante
contradição do candidato que aparece no guia eleitoral prometendo cuidar do
meio ambiente e depois vai às ruas denegri-lo. A iniciativa dos vereadores de
Campina Grande é louvável. Mas, que tal não votar em quem diz uma coisa no guia
eleitoral e faz outra na rua?