Os atores e partidos políticos brasileiros
não respeitam a fidelidade partidária e não aceitam se submeterem a disciplina
imposta por seus partidos. Também não existe a tradição de se respeitar as
decisões das direções partidárias, nem as direções costumam ouvir suas bases
antes de tomar decisões. Em que pese às decisões serem tomadas em nome dos
interesses partidários e a instância partidária ser superior às vontades
individuais, na prática as coisas são diferentes.
Vamos aos fatos, baseados no
ambiente pré-eleitoral de campina grande, onde os interesses de alguns atores
valem mais do que o do partido.
O PT decidiu abandonar a tese da
candidatura própria e apoiar Daniella Ribeiro, com possibilidades de bancar o
candidato a vice na chapa da deputada do PP. Sete petistas não acataram a
decisão e ficaram no governo Veneziano. Como o PT não é afeito a seguir
procedimentos democráticos ameaça expulsar o grupo dos “sete rebeldes”. Poderá
se dizer que eles agem à revelia da decisão partidária. Mas a direção estadual
do PT passou por cima da base ao fazer um acordo com o PP sem consultá-la.
O vereador Alcides da Weider
declarou apoio a Daniella, mas seu partido, PRTB, ainda não tomou uma decisão
oficial. Parece esperar outras definições de instâncias superiores. Alcides era
governista na Câmara de Vereadores, já apoiou a candidatura de Marlene Alves,
voltou aos braços de Veneziano e agora foi para os de Daniella. E ele tem,
ainda, tempo hábil para mudar mais vezes. E o que é mais interessante é que ele
vai mudando de opinião não importante se a revelia ou a se a favor do seu
partido.
Alcides não é exceção à regra
geral, seguida pelos vereadores e partidos, que é negociar o melhor apoio até o
último momento. Ainda vamos ver muitas mudanças.
O vereador Fernando Carvalho
anunciou apoio a Daniella, mas disse que isso não significa uma adesão oficial
de seu partido, PT do B, a candidatura do PP. Afirmou que ainda discute com as
direções estadual e nacional do PT do B. Se o partido ainda não decidiu, não
teria Fernando que esperar para anunciar o apoio? Vejam como se desvaloriza um
partido. A filha de Fernando é candidata a vereadora pelo PRTB. Sendo ele do PT
do B não cria um conflito de interesses partidários?
Os partidos dançam ao sabor dos
interesses eleitorais de seus líderes. PRTB, PSDC, PHS e PRB tinham firmado um
pacto com a pré-candidatura de Marlene Alves. Mas foram mudando de searas. PSDC
e PRTB se bandearam para a candidatura de Daniella e o PHS e o PRB decidiram
apoiar Tatiana Medeiros.
A direção estadual do PRB
anunciou o apoio a Tatiana, mas seu presidente municipal, Gildásio Alcântara e
pre-candidados a vereador boicotam o apoio. Alegam não terem sido ouvidos sobre
a decisão da aliança com o PMDB para apoiar Tatiana. A direção estadual fez um
acordo a revelia do grupo local. Mas, isso não torna o grupo local vítima e a
direção estadual algoz. Eles têm o mesmo modus
operandis. Agem para maximizar seus ganhos e minimizarem suas perdas. Um
dos candidatos a vereador do PRB declarou, aqui no jornal integração, que
aceita qualquer negociação, para apoiar qualquer um, desde que seja consultado.
No jogo pré-eleitoral vale bem
mais o que se pode ter ao apoiar este ou aquele candidato do que o ato de se
conquistar espaços para poder se praticar a representação política. Mas, a
realidade está aí para não me deixar mentir.