Os nascidos em 1996 podem votar
este ano. A maioridade política é polêmica, pois se alguém é responsável para
votar aos 16 anos por que não pode ser responsabilizado por um crime cometido?
Nossa democracia só tem 27 anos.
Quando os atuais jovens de 16 anos nasciam, havia apenas 11 anos que a ditadura
acabara. A questão é: como viver em uma democracia inexperiente? Como respeitar
uma eleição sabendo que muitos dos eleitos não vão cumprir as funções que lhes
delegamos?
Como levar eleições a sério sabendo, como vimos na COLUNA POLITICANDO
de terça-feira passada, que o ambiente pré-eleitoral de Campina Grande está
contaminado por “verdadeiras negociatas”, como bem falou o pré-candidato Arthur
Almeida.
A democracia só é valorizada pelo
cidadão quando serve para representar os interesses dele, não de pequenos
grupos que possuem as rédeas do poder. O processo pré-eleitoral em Campina
Grande exclui o cidadão, pois fica restrito a grupos que possuem os recursos de
poder para decidir quem vai disputar o jogo eleitoral.
O voto, pelo qual associamos o
relevante ato de uma democracia moderna, não é o voto para decidir, mas sim
para eleger quem deverá decidir. É bom nunca esquecer esse não tão pequeno
detalhe. Mas, se é assim, o que fazer? Cruzar os braços e ignorar que alguém
vai decidir por você? Devemos nos contentar apenas com o ato de votar? Não, não
pode ser assim!
Eleições permanentes e
alternância no poder são importantes, diria essenciais. Mas, o cidadão tem que
entender que é responsável pelas escolhas feitas. O eleitor precisa se
responsabilizar politicamente e entender que é parte, também, da atuação
política daquele que consentiu ocupar um cargo. Não adianta fazer discursos
enfurecidos diante dos escândalos de corrupção e depois dar ao corrupto o
conforto de ter um mandato e foro privilegiado.
Adianta pouco termos tantas
eleições se nossos mecanismos institucionais para controlar os atos de nossos
representantes são pouco utilizados. Nossos pressupostos penais não causam
punibilidade suficiente. Veja-se que os trabalhos da “CPMI do Cachoeira”
caminham a passos de formiga e sem vontade. A declaração de um pré-candidato a
prefeito de nossa cidade, dando conta de como o processo pré-eleitoral é
contaminado, não causou sequer indignação.
Eu sou consciente que é muito difícil
intervir na política quando não se tem recursos políticos, econômicos e ideológicos
para isso. Sei também que a política é vista por muitos como aquilo que só deve
ser praticado pelos políticos profissionais, que não deve ser da alçada do
cidadão comum.