Dizia Maquiavel que importa mais
o mundo real do que o mundo das ideias. No mundo real, a realidade política
importa independente se concordamos ou não com ela. A realidade política existe
para provar que podemos estar ou não errados. Na Coluna Politicando do dia 27
de abril eu analisei a atuação do Senador Vital Filho.
Afirmei que ele sabe bem como
projetar-se. Que ao se aliar a Renan Calheiros, uma espécie de padrinho seu no
senado, ele foi ocupando mais e mais espaços. Mostrei como Vital Filho tem
atuação de destaque no senado. Ele compõe comissões permanentes e a
corregedoria da casa, além de ser relator da lei geral da copa do mundo. Mas,
eu disse, também, que se as condições normais de temperatura e pressão ficarem
anormais as coisas mudam. E a realidade vem com força cobrar seu preço.
Quando começaram as articulações
para a instalação da “CPMI do Cachoeira” ficou claro que o PMDB presidiria a
comissão e o PT ficaria com a relatoria. Vital Filho foi convidado a ocupar o
cargo de presidente da CPMI. De pronto ele rejeitou, alegando os vários
compromissos assumidos. Talvez pela insistência de Renan Calheiros, ele
terminou aceitando e na condição de presidente da CPMI ganhou os holofotes da
mídia. O fato é que teria sido melhor Vital Filho não ter aceito o convite.
Tudo caminhava bem, até que a Folha
de São Paulo de ontem trouxe uma reportagem que pode comprometer em muito a
atuação do senador Vital Filho. A Folha de São Paulo afirma que Vital Filhoº
contratou como funcionária fantasma, em seu gabinete, a estudante Maria Eduarda
Lucena dos Santos.
Ela é filha do jornalista Adelson
Barbosa, que trabalha no Jornal Correio da Paraíba e presta serviços de
assessoria de comunicação ao senador Vital Filho. Adelson não podia ser
contratado pelo senado por já ter um vínculo trabalhista. Daí contratou-se a
filha dele apenas para receber o dinheiro. Na verdade, ela emprestou seu nome e
CPF.
Maria Eduarda foi contratada como
assistente parlamentar para receber R$ 3.450,00 e repassar para seu pai. De
qualquer maneira ela não tem tempo para ir a Brasília. É que concentra energias
no processo que move contra o cantor Michel Teló pela autoria da “música” (se é
que se pode chamar isso de música) “Aí,
se eu te pego”. Pelo visto, o hit “Aí, se te pego” começou a fazer efeito.
A FSP pegou o presidente da CPMI no chamado nepotismo cruzado.
É que Vital Filho emprega em seu
gabinete a filha do ex-governador José Maranhão, a mãe do deputado federal Hugo
Motta, uma prima do ex-senador Ney Suassuna e até mesmo a esposa do coordenador
de comunicação da PMCG.
De pronto, me veio à mente que
pesou sobre o ex-senador Efraim Morais a mesma acusação. Todos lembram que por
dias a fio a imprensa nacional explorou o caso. É difícil fazer alguma relação,
mas o fato é que Efraim não conseguiu se reeleger senador da República. Talvez
os eleitores não gostem de saber que seus representantes tem o hábito de
contratar fantasmas.