Por causa dos debates
entre os candidatos a reitor da UEPB, me dei conta que em breve vamos ter os
embates entre os candidatos a prefeito. Refiro-me aos debates nos canais de TV
e nas emissoras de rádio. Um processo sensível, que só quem deles já participou
sabe como é difícil organizá-los e conduzí-los.
Nós temos fraca
tradição nos debates. Pois só vinhemos a adotá-los a partir das eleições
presidenciais de 1989. A primeira, após os 21 anos de ditadura militar. Vejamos,
por exemplo, que em 1976 o governo militar realizou eleições para lastrear a
abertura lenta e gradual capitaneado por Ernesto Geisel e Golbery do Couto e
Silva.
Naquela eleição só se
mostrava a fotografia do candidato e uma voz narrava o currículo do postulante.
Eram campanhas enfadonhas, sem forma e conteúdo. Após a ditadura, a legislação
eleitoral mudou e as campanhas ganharam muito na forma, em que pese continuarem
pobres de conteúdo. Na verdade, as eleições se tornaram grandes espetáculos. Os
debates passaram a ter ampla cobertura da mídia.
Mas, é estranho que com
tanta audiência eles sejam tão controlados, com regras bem definidas pela
justiça eleitoral e pelos próprios candidatos. Certa vez, eu estava em Belo
Horizonte e assisti um debate em que os candidatos tinham (pasmem!) quinze
segundos para perguntar e cinquenta segundos para responder. Eles sequer podiam
se referir diretamente um ao outro, sob o fraco argumento de manter o nível da
discussão em respeito ao telespectador.
Nos debates, e na
campanha, pisa-se em ovos ao se referir aos candidatos e as questões político-eleitorais,
pois tudo é passível de reprimendas e processos. Mas não deveria ser assim. Os
debates são ideais para os políticos se mostrem. É o momento em que o candidato
é o que é, despido de recursos tecnológicos.
Existem casos em que um
fraco desempenho leva o candidato a derrota. Lembram-se do debate do 2º turno
de 1989, entre Collor e Lula, que pulverizou as chances de Lula? Quem não se
lembra do debate entre o José Maranhão e Cássio Cunha Lima na eleição de 2006? O
desempenho de Maranhão contribuiu em grande medida para sua derrota.
O debate serve para se
aferir as inseguranças do candidato, pois ele tem que ser objetivo nas
respostas, não pode gaguejar, nem assassinar a língua portuguesa. Também não
pode fugir aos temas espinhosos. Sem contar que tem que mostrar que tem
propostas para todas as áreas abordadas.
O fato é que tem
candidatos que de tão maquiados, mais se parecem com atores de circo. Imagem é
importante, mas sem conteúdo, não passa de dissimulação. Se os debates têm
tantas regras, porque os momentos em que o candidato aparece para sorrir,
acenar, abraçar, beijar, também não? Porque permitir passeatas, que transtornam
nossas vidas, pelas principais ruas da cidade? Por que obrigar o eleitor a todo
tipo de vexame nessas situações?