terça-feira, 8 de maio de 2012

VAMOS ASSISTIR OS DEBATES?


Por causa dos debates entre os candidatos a reitor da UEPB, me dei conta que em breve vamos ter os embates entre os candidatos a prefeito. Refiro-me aos debates nos canais de TV e nas emissoras de rádio. Um processo sensível, que só quem deles já participou sabe como é difícil organizá-los e conduzí-los.



Nós temos fraca tradição nos debates. Pois só vinhemos a adotá-los a partir das eleições presidenciais de 1989. A primeira, após os 21 anos de ditadura militar. Vejamos, por exemplo, que em 1976 o governo militar realizou eleições para lastrear a abertura lenta e gradual capitaneado por Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva.



Naquela eleição só se mostrava a fotografia do candidato e uma voz narrava o currículo do postulante. Eram campanhas enfadonhas, sem forma e conteúdo. Após a ditadura, a legislação eleitoral mudou e as campanhas ganharam muito na forma, em que pese continuarem pobres de conteúdo. Na verdade, as eleições se tornaram grandes espetáculos. Os debates passaram a ter ampla cobertura da mídia.



Mas, é estranho que com tanta audiência eles sejam tão controlados, com regras bem definidas pela justiça eleitoral e pelos próprios candidatos. Certa vez, eu estava em Belo Horizonte e assisti um debate em que os candidatos tinham (pasmem!) quinze segundos para perguntar e cinquenta segundos para responder. Eles sequer podiam se referir diretamente um ao outro, sob o fraco argumento de manter o nível da discussão em respeito ao telespectador.



Nos debates, e na campanha, pisa-se em ovos ao se referir aos candidatos e as questões político-eleitorais, pois tudo é passível de reprimendas e processos. Mas não deveria ser assim. Os debates são ideais para os políticos se mostrem. É o momento em que o candidato é o que é, despido de recursos tecnológicos.



Existem casos em que um fraco desempenho leva o candidato a derrota. Lembram-se do debate do 2º turno de 1989, entre Collor e Lula, que pulverizou as chances de Lula? Quem não se lembra do debate entre o José Maranhão e Cássio Cunha Lima na eleição de 2006? O desempenho de Maranhão contribuiu em grande medida para sua derrota.



O debate serve para se aferir as inseguranças do candidato, pois ele tem que ser objetivo nas respostas, não pode gaguejar, nem assassinar a língua portuguesa. Também não pode fugir aos temas espinhosos. Sem contar que tem que mostrar que tem propostas para todas as áreas abordadas.



O fato é que tem candidatos que de tão maquiados, mais se parecem com atores de circo. Imagem é importante, mas sem conteúdo, não passa de dissimulação. Se os debates têm tantas regras, porque os momentos em que o candidato aparece para sorrir, acenar, abraçar, beijar, também não? Porque permitir passeatas, que transtornam nossas vidas, pelas principais ruas da cidade? Por que obrigar o eleitor a todo tipo de vexame nessas situações?



Se você nunca teve a oportunidade, aproveite este ano e assista um debate entre os candidatos a presidência dos EUA. É muito interessante. Os candidatos são colocados numa espécie de arena com um mediador que se limita a estimulá-los ao debate. Os candidatos vão falando e um pode apartar o outro. É um debate na sua forma mais clara. Sabe qual o melhor debate para se assistir? É aquele que só tem uma regra – os candidatos são obrigados a falar, a se exporem abertamente sem limitações.