Na terça-feira
tivemos o primeiro debate do 2º turno entre Dilma e Aécio. Foi um embate com
todos os ingredientes que a ocasião eleitoral pede e como a muito não víamos.
Dilma e Aécio se enfrentaram com todas as armas ao alcance das mãos. Antes que
o caro ouvinte pergunte eu vou logo dizer que não houve um vencedor. Tivemos,
na verdade, um empate. Empate? Eu explico. É que o debate foi tão rico que os
candidatos terminaram sendo bem expostos no que eles têm de bom e de ruim. Eu
tinha uma boa expectativa quanto a esse debate e devo dizer que não me
decepcionei. É que a TV Bandeirantes tem uma boa tradição em promover esse tipo
de debate desde aqueles memoráveis embates entre os presidenciáveis de 1989.
Além do mais, era o primeiro debate com apenas dois candidatos, sem aquela
poluição visual e sonora produzida por candidatos nanicos que não tem nada a
acrescentar a não ser a exposição de opiniões racistas, homofóbicas e
autoritárias. Ainda sobre o formato do debate, merece todos os elogios a sóbria
mediação do jornalista Ricardo Boechat. Ao contrário de William Bonner, da Rede
Globo, ele não quis ser a cereja do bolo. Pelo contrário, ele se limitou a
mediar o debate. E vejam que Boechat não precisou repreender um dos candidatos
como fez Bonner, atrevidamente, diga-se de passagem, naquele último debate do
1º turno. Boechat não pretendeu brilhar ou aparecer mais do que os candidatos.
O formato do debate, inclusive, não permitiu que Dilma e Aécio usassem
aqueles subterfúgios marqueteiros para se pouparem de ataques. Eles foram
jogados, literalmente, na arena onde foram à caça e o caçador ao mesmo tempo, o
tempo todo. Dilma começou o debate comedida. Parecia que ela estava no Guia
Eleitoral, pois foi repetindo mecanicamente a fala que diz que o PT tirou 32
milhões de pessoas da pobreza e criou um mercado de consumo de massa. Aécio
começou o debate confiante se dizendo o candidato da mudança e que foi o PSDB
quem promoveu a estabilidade da moeda. Em sua primeira fala, partiu para o
ataque dizendo que os indicadores sociais pioraram no governo Dilma.
Aécio acusou Dilma de não reconhecer os bons feitos dos governos do PSDB
em nível federal e estadual. Isso de fato ocorre. É que o PT costuma agir como
se o primeiro governo de Lula fosse o marco zero de tudo de bom que já tivemos.
Aécio admitiu, mas nem tanto. Ele aceitou que o Brasil melhorou no governo Lula
e reconheceu o valor dos programas sociais do PT. Mas, ele fez questão de dizer
que a origem desses programas está nos governos de FHC. Assim, Dilma e Aécio
ficaram matraqueando sobre o DNA do “Bolsa Família”. Dilma dizia que o programa
foi criado e ampliado nos governos do PT e Aécio dizia que os verdadeiros pais
do “Bolsa Família” são FHC e sua esposa Ruth Cardoso.

Dilma ficou na defensiva, mas ao
citar Armínio Fraga, ministro de FHC que deixou a inflação escapar acima da
meta por dois anos, ela pode se contrapor. Na verdade, quando o assunto é
política econômica, PT e PSDB são bem parecidos. Como Aécio é parlamentar
experiente é natural que se sinta mais a vontade no debate. Já Dilma tem
experiência administrativa, ela é mais prática do que teórica. Aécio transmite
certa sensação de firmeza, às vezes escapando para a agressão. Dilma ainda
precisa se acostumar mais e melhor com os debates, mas ela detém os números de
uma administração de quase 12 anos. O debate Dilma/Aécio foi um grande FLA X
FLU de muitos gols, mas que terminou empatado. Sabe quem vai desempatar esse
jogo? É você, caro ouvinte, que ainda está indeciso.
AQUI É O POLITICANDO,
COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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