Se você é um dos que chegou a pensar que não teríamos 2º turno nas
eleições para o governo do Estado da Paraíba, que Cássio Cunha Lima ou Ricardo
Coutinho conseguiriam ter 50% + 01 dos votos válidos, não precisa, agora, se
sentir mal com isso. É que, no domingo, esta foi uma possibilidade plausível enquanto
acompanhávamos a apuração dos votos. Em alguns momentos, víamos claramente a possibilidade
da eleição na Paraíba se resolver já no 1º turno. É que a diferença de Cássio
Cunha Lima, que ficou em 1º lugar, para o 2º colocado, Ricardo Coutinho, foi de
apenas 28.388 votos ou 1.39% dos votos válidos. Cássio teve 965.397 votos, ou
47.44%, e Ricardo teve 937.009 votos ou 46.05%.
Para que você tenha claro que essa diferença de votos pode ser
desprezível, basta ver que dos 36 deputados estaduais eleitos domingo, apenas
10 obtiveram das urnas menos de 28 mil votos. É bom atentar, também, para o
fato de que essa diminuta diferença de 1.39% foi menor do que qualquer uma das
margens de erro, apresentadas pelos Institutos de pesquisa que aferiram as
intenções de votos na Paraíba, durante a campanha do 1º turno. Chamar a
diferença entre Cássio e Ricardo de empate técnico só se for pela força do
hábito. De fato, tivemos um empate literal, matemático, eu diria que tivemos um
empate físico. Mas, isso é algo para se surpreender? Não, nada a estranhar, se
considerarmos que Ricardo apresentou, nos últimos 30 dias de campanha, uma
curva ascendente nas pesquisas, enquanto Cássio permanecia numa curva
estacionária, ela não descia e muito menos subia.
O desempenho quantitativo de Vital Filho foi tão chinfrim que ele
não conseguiu ganhar em um único dos 223 municípios da Paraíba. Apenas nos
municípios de Água Branca, Alagoa Nova e São José dos Ramos, o senador do PMDB
conseguiu ficar em 2º lugar. Em todas as outras 220 cidades paraibanas, Vital
ficou sempre em 3º lugar. Nós sabemos bem que Vital não entrou nessa eleição
para ganhar, mas precisava ter um desempenho tão ridiculamente ruim? Os frágeis
desempenhos do Major Fabio, de Tárcio Teixeira e Antônio Radical nas urnas
confirmaram a tese de que Ricardo nunca esteve tão só em se tratando de somar
percentuais visando o 2º turno. Daí não se deve negar os méritos do governador.
No início da campanha, ele patinava em torno de 20 pontos percentuais. Ter chegado à reta final da campanha, do 1º
turno, com 46% foi um mérito para Ricardo. Apesar de que é bom lembrar que quem
tem a máquina do governo leva lá suas vantagens. É lógico que não existem
diferenças entre o candidato/governador e o governador/candidato. A diferença
entre Cássio e Ricardo foi irrisória e isso só piora a avaliação que fazemos
sobre o desempenho quantitativo das candidaturas de pequena estatura. Vejam que
a soma dos votos do Major Fábio, de Tárcio e Radical (26.329 votos) é menor do
que a tal diferença de 28.388 votos.
Tudo nessa eleição foi simetricamente bem disputado. Vejam que
Cássio ganhou em 124 municípios da Paraíba e Ricardo ficou em 1º lugar nas
outras 99 cidades. Em quase 70% dos 223 municípios a diferença não foi maior do
que 3 mil votos. Cássio e Ricardo não decepcionaram em seus redutos eleitorais.
Em Campina Grande, Cassio teve 63.854 votos a mais do que Ricardo. Já em João
Pessoa o governador obteve uma vantagem sobre o senador de 76.253 votos. Em Campina
Grande, Cássio teve 59.82% dos votos válidos. Já na capital do Estado, Ricardo
teve 56% dos votos válidos. Quando olhamos para os maiores colégio eleitorais
da Paraíba vemos Ricardo com uma considerável vantagem sobre Cássio. O governador
ganhou em seis dos dez maiores colégios eleitorais que temos.
Além de João Pessoa, Ricardo venceu em Bayeux, Cabedelo, Patos,
Sousa e Cajazeiras. Ou seja, o governador demonstrou força em duas grandes
mesorregiões da Paraíba, o litoral e o sertão. Nestes seis municípios, ele obteve
431.409 votos. Cássio venceu em Campina Grande, Sapé, Guarabira e Santa Rita.
Nestas cidades, o senador teve 392.481. Qual a importância desses dados? É que
ganhar nos principais colégios eleitorais pode ser a diferença entre a vitória
e a derrota no dia 26 de outubro. Vejam que Ricardo ganhou nas 3 principais
cidades do sertão (Patos, Sousa e Cajazeiras).
Em Patos, o governador contou, e deverá continuar contando, com o
decisivo apoio do PMDB. Isso, inclusive, é um indicador do que pode vir a
acontecer, pois, e ao que tudo indica, o PMDB vai mesmo engolir seco e se
rejuntar ao PT que já vem com o governador Ricardo desde o começo da campanha.
Muitos dizem que o 2º turno é uma nova eleição. Na verdade, ele é a
2ª parte, digamos assim, de um processo que iniciou lá trás. Prefiro não chamar
de nova eleição, pois muito do que já tivemos vai se repetir, em que pese
algumas variáveis novas, como a redefinição de apoios e o fato de que agora só
temos duas candidaturas com tempos iguais no Guia Eleitoral. Por hora, a
principal questão é saber para onde vai o pêndulo do PMDB. O senador Vital
Filho obteve 106.162 votos que seriam nada não fosse a minguada diferença de 28
mil votos entre Cássio e Ricardo. O PMDB vai, sim, apoiar um dos dois. Vital e
José Maranhão vão anunciar muito em breve qual das duas candidaturas apoiarão.
Agora, Vital é a cobiçada noiva desse processo eleitoral, pois se ele
transferir, para aquele que vier a apoiar, algo em torno de 30% de seu capital
eleitoral, pode decidir a eleição. Esta semana é definidora em termos de
acordos e apoios. Cássio vai de Aécio Neves para presidente e Ricardo vai de
Dilma, depois do fracasso de Marina, e porque o PMDB segue firme com a
presidente. Mas, não temos uma clara ideia de quem apoia quem em se tratado de
deputados estaduais e federais eleitos. Aguardemos, pois.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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