Ricardo Coutinho foi
reeleito, para governar a Paraíba entre 2015 e 2018, com 1.125.956 votos contra
1.014.393 votos de Cássio Cunha Lima. A diferença foi de 111.563 votos. O caro
ouvinte/leitor, por favor, guarde bem este número, pois ainda precisaremos
dele. A vitória do governador foi robusta. Se no 1º turno Ricardo havia ficado
em 2º lugar, com aqueles 28.388 votos de diferença para Cássio, agora a virada
foi absoluta. Claro, eu estou falando da vitória nas urnas, pois sempre se pode
esperar um 3º turno judicial.
No 1º turno, Ricardo
ganhou em 99 municípios paraibanos contra 124 cidades onde Cássio ganhou. Agora
tivemos uma inversão. Ricardo foi mais bem votado em 117 cidades contra 106 de
Cássio. Percentualmente falando, Ricardo teve 52.61% dos votos válidos e Cássio
teve 47.39%. Em termos percentuais, esta diferença foi de 5.22%. Guarde,
também, esse percentual, pois é ele que nos explica porque Ricardo, afinal,
ganhou a eleição.
Nos dois turnos Ricardo
venceu em João Pessoa e Cássio ganhou em Campina Grande. Inclusive, uma
reportagem do UOL/FOLHA chamou Campina de “ilha tucana”. É que nossa cidade foi
a única da Paraíba onde Cássio e Aécio ganharam nos dois turnos. Um dos dados
que explica a vitória de Ricardo é que em João Pessoa o governador aumentou a
diferença de votos para Cássio entre o 1º e 2º turnos. No 1º turno a diferença
foi de 76. 253 votos, aumentando para 90.774 votos no 2º turno. Já em Campina
Grande a diferença encurtou. No 1º turno, Cássio teve 63.854 votos a mais do
que Ricardo e no 2º turno teve 56.609 votos a mais. Ou seja, Ricardo aumentou
sua vantagem em seu reduto eleitoral e diminuiu sua desvantagem no reduto de
Cássio.
Mas, vejamos onde foi que Ricardo buscou os votos necessários para
ultrapassar Cássio e ganhar a eleição. Elementar, meu caro ouvinte. A virada
eleitoral de Ricardo se ancorou nos votos que o PMDB lhe transferiu do 1º para
o 2º turno. Senão, vejamos. Lembra aquela diferença de 111.563 votos que
Ricardo teve sobre Cássio ao final do 2º turno? Sabe de onde ela veio? Dos
votos que Vital Filho teve. O senador do PMDB terminou o 1º turno com exatos
106.162 votos ou 5.22% dos votos válidos. Coincidência ou não 5.22% foi a diferença
de Ricardo para Cássio como já vimos. É bom lembrar que PSOL e PSTU se declaram
neutros no 2º turno e que o PROS, do Major Fábio, declarou apoio a Cássio. Ou
seja, daí não deve ter saído votos para Ricardo.
O PMDB transferiu boa parte seu capital eleitoral do 1º turno para
Ricardo. A família Vital, José Maranhão e outras lideranças foram à luta em
favor de Ricardo neste 2º turno. Vejamos, por exemplo, o caso da cidade de
Guarabira. Lá, Cássio ganhou no 1º turno com uma diferença de 2.560 votos e
perdeu no 2º turno com uma diferença de 1.331 votos. Aí tivemos, sim, o efeito
PMDB com o trabalho do ex-governador Roberto Paulino. Isso significa que o PMDB
vai fincar sua presença no 2º governo de Ricardo e cobrar reciprocidade do
governador nas eleições municipais de 2016 pelo Estado afora, principalmente em
Campina Grande e em João Pessoa.
Não fosse o PT e o PMDB Ricardo provavelmente teria perdido. O
benefício disso é que o governador poderá ter uma relação mais equilibrada com
a Assembleia Legislativa em 2015, ao contrário do que foi até agora. O custo
disso é que a fatura do PMDB e do PT, já naturalmente alta, vai crescer
exponencialmente. Não vai faltar quem queira lembrar a Ricardo que se não fosse
o PMDB e o PT ele não conseguiria seu segundo mandato. Mas, Ricardo teve, sim,
seus próprios méritos nessa vitória. O primeiro deles foi ter mantido a
avaliação positiva de seu governo sempre em alta, mesmo quando os índices de
rejeição lhe desafiavam. Outro mérito de Ricardo foi ter conseguido entender o
dilema dessa eleição. O governador viu o desejo de mudança do eleitor e viu,
também, que o eleitor estava disposto a aceitar que a situação propusesse essa
mudança. Ricardo soube como ninguém lançar mão da absurda vantagem de ser
candidato a reeleição sem precisar se afastar do cargo de governador. Ele foi
paulatinamente fazendo a transição do governador/candidato para o
candidato/governador.
Outro fator determinante foi que Ricardo fez uma campanha inovadora
em termos de formato midiático em oposição à campanha eleitoral de Cássio Cunha
Lima que não soube se renovar, que usou e abusou dos velhos clichês midiáticos.
Um exemplo disso foi a sacada marqueteira de transformar um discurso de Ricardo
em um rapp. Ricardo aparecia no guia eleitoral discursando sob efeitos sonoros
que atraiam o eleitorado, pois tornavam dinâmico o que tinha tudo para ser
monótono. Ricardo, bem assessorado que foi, nos dava a impressão de ser a
candidatura nova desafiando as velhas estruturas de poder. Parecia, por vezes,
não ser o candidato à reeleição. Dessa forma, impunha a Cássio o perfil da
candidatura velha, atrasada. Aqui, tratei da vitória de Ricardo Coutinho.
Amanhã, trato da derrota de Cássio Cunha Lima e, na sequencia, farei o mesmo em
relação a Dilma Rousseff e Aécio Neves.
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AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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