terça-feira, 28 de outubro de 2014

RICARDO, A ANATOMIA DE UMA VITÓRIA.


Ricardo Coutinho foi reeleito, para governar a Paraíba entre 2015 e 2018, com 1.125.956 votos contra 1.014.393 votos de Cássio Cunha Lima. A diferença foi de 111.563 votos. O caro ouvinte/leitor, por favor, guarde bem este número, pois ainda precisaremos dele. A vitória do governador foi robusta. Se no 1º turno Ricardo havia ficado em 2º lugar, com aqueles 28.388 votos de diferença para Cássio, agora a virada foi absoluta. Claro, eu estou falando da vitória nas urnas, pois sempre se pode esperar um 3º turno judicial.

No 1º turno, Ricardo ganhou em 99 municípios paraibanos contra 124 cidades onde Cássio ganhou. Agora tivemos uma inversão. Ricardo foi mais bem votado em 117 cidades contra 106 de Cássio. Percentualmente falando, Ricardo teve 52.61% dos votos válidos e Cássio teve 47.39%. Em termos percentuais, esta diferença foi de 5.22%. Guarde, também, esse percentual, pois é ele que nos explica porque Ricardo, afinal, ganhou a eleição.

Nos dois turnos Ricardo venceu em João Pessoa e Cássio ganhou em Campina Grande. Inclusive, uma reportagem do UOL/FOLHA chamou Campina de “ilha tucana”. É que nossa cidade foi a única da Paraíba onde Cássio e Aécio ganharam nos dois turnos. Um dos dados que explica a vitória de Ricardo é que em João Pessoa o governador aumentou a diferença de votos para Cássio entre o 1º e 2º turnos. No 1º turno a diferença foi de 76. 253 votos, aumentando para 90.774 votos no 2º turno. Já em Campina Grande a diferença encurtou. No 1º turno, Cássio teve 63.854 votos a mais do que Ricardo e no 2º turno teve 56.609 votos a mais. Ou seja, Ricardo aumentou sua vantagem em seu reduto eleitoral e diminuiu sua desvantagem no reduto de Cássio.

Mas, vejamos onde foi que Ricardo buscou os votos necessários para ultrapassar Cássio e ganhar a eleição. Elementar, meu caro ouvinte. A virada eleitoral de Ricardo se ancorou nos votos que o PMDB lhe transferiu do 1º para o 2º turno. Senão, vejamos. Lembra aquela diferença de 111.563 votos que Ricardo teve sobre Cássio ao final do 2º turno? Sabe de onde ela veio? Dos votos que Vital Filho teve. O senador do PMDB terminou o 1º turno com exatos 106.162 votos ou 5.22% dos votos válidos. Coincidência ou não 5.22% foi a diferença de Ricardo para Cássio como já vimos. É bom lembrar que PSOL e PSTU se declaram neutros no 2º turno e que o PROS, do Major Fábio, declarou apoio a Cássio. Ou seja, daí não deve ter saído votos para Ricardo.

O PMDB transferiu boa parte seu capital eleitoral do 1º turno para Ricardo. A família Vital, José Maranhão e outras lideranças foram à luta em favor de Ricardo neste 2º turno. Vejamos, por exemplo, o caso da cidade de Guarabira. Lá, Cássio ganhou no 1º turno com uma diferença de 2.560 votos e perdeu no 2º turno com uma diferença de 1.331 votos. Aí tivemos, sim, o efeito PMDB com o trabalho do ex-governador Roberto Paulino. Isso significa que o PMDB vai fincar sua presença no 2º governo de Ricardo e cobrar reciprocidade do governador nas eleições municipais de 2016 pelo Estado afora, principalmente em Campina Grande e em João Pessoa.

Não fosse o PT e o PMDB Ricardo provavelmente teria perdido. O benefício disso é que o governador poderá ter uma relação mais equilibrada com a Assembleia Legislativa em 2015, ao contrário do que foi até agora. O custo disso é que a fatura do PMDB e do PT, já naturalmente alta, vai crescer exponencialmente. Não vai faltar quem queira lembrar a Ricardo que se não fosse o PMDB e o PT ele não conseguiria seu segundo mandato. Mas, Ricardo teve, sim, seus próprios méritos nessa vitória. O primeiro deles foi ter mantido a avaliação positiva de seu governo sempre em alta, mesmo quando os índices de rejeição lhe desafiavam. Outro mérito de Ricardo foi ter conseguido entender o dilema dessa eleição. O governador viu o desejo de mudança do eleitor e viu, também, que o eleitor estava disposto a aceitar que a situação propusesse essa mudança. Ricardo soube como ninguém lançar mão da absurda vantagem de ser candidato a reeleição sem precisar se afastar do cargo de governador. Ele foi paulatinamente fazendo a transição do governador/candidato para o candidato/governador.  

Outro fator determinante foi que Ricardo fez uma campanha inovadora em termos de formato midiático em oposição à campanha eleitoral de Cássio Cunha Lima que não soube se renovar, que usou e abusou dos velhos clichês midiáticos. Um exemplo disso foi a sacada marqueteira de transformar um discurso de Ricardo em um rapp. Ricardo aparecia no guia eleitoral discursando sob efeitos sonoros que atraiam o eleitorado, pois tornavam dinâmico o que tinha tudo para ser monótono. Ricardo, bem assessorado que foi, nos dava a impressão de ser a candidatura nova desafiando as velhas estruturas de poder. Parecia, por vezes, não ser o candidato à reeleição. Dessa forma, impunha a Cássio o perfil da candidatura velha, atrasada. Aqui, tratei da vitória de Ricardo Coutinho. Amanhã, trato da derrota de Cássio Cunha Lima e, na sequencia, farei o mesmo em relação a Dilma Rousseff e Aécio Neves. 

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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