Em 1945, a 2ª Guerra
Mundial terminava tendo o 1º ministro inglês, Winston Churchill, como um dos
responsáveis pela vitória dos países aliados. Mas, isso não impediu que Churchill
perdesse as eleições para o parlamento inglês naquele mesmo ano. Se diz na
Inglaterra que “Churchill venceu a guerra e foi derrotado pela política”. Deve
ter sido por isso que ele disse que: “A política é quase tão excitante e
perigosa quanto à guerra. Na guerra, só se morre uma vez, mas na política se
morre várias vezes”. A derrota abateu Churchill ao ponto dele ter dito que:
“Ninguém pretende que a democracia seja
perfeita. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as
demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.
Ter perdido a eleição, depois de ter sido herói em duas guerras,
enfureceu Churchill, mas ele era um lorde inglês e soube lidar com a situação
com toda a fleuma e com toda aquela ironia corrosiva que os ingleses conservam
tão bem. Aqui no Brasil é bem diferente. Os nossos políticos costumam se
comportar muito mal quando perdem uma eleição. É comum vermos, os que ocupam
cargos no parlamento há muitos mandatos, perderam a compostura e saírem
atirando para todos os lados. Em geral, quando ganham a eleição, os políticos
gostam de dizer que “foi à vontade do povo consagrada nas urnas” ou que foram
eleitos porque “a voz do povo é a voz de Deus”. Os políticos gostam desse
negócio de querer representar Deus na terra.
Os derrotados dizem coisas como: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não
sabem o que fazem”. Os políticos não costumam ter um comportamento republicano
nem na vitória e muito menos na derrota. Quando perdem, nas urnas, eles vão,
literalmente, a loucura. Vejam que usamos a expressão “jus sperniandi” para retratar a situação do candidato que, derrotado,
não vê outra coisa a fazer a não ser espernear, reclamar, xingar. Eu até acho
que o direito ao esperneio deve ser democraticamente garantido aos derrotados. Toinho
do Sopão, deputado estadual, pelo PEN, não se conformou em ter ficado, apenas,
em 67º lugar com 6.851 votos. No auge de sua revolta, o deputado Sopão criticou
o atual quadro político dizendo que só candidato podre chega ao poder.
Ele ainda disse que: “política
hoje é igual a feijão na panela, só sobe os podres”. Toinho do Sopão tinha
sido o deputado mais bem votado na eleição de 2010 com 57 mil votos. Muitos
disseram, eu inclusive, que ele estava sendo eleito para ser o Tiririca da
Paraíba. Ao se descontrolar, o deputado Sopão esqueceu que, se nesta eleição,
ele foi um feijão bom que não subiu para a panela da Assembleia Legislativa, na
eleição passada ele foi o feijão mais podre da panela, pois foi o que subiu
mais rápido. Outro que perdeu a compostura, diante da derrota, foi o deputado
estadual Vituriano de Abreu, do PSC. Ele
ficou em 50º lugar com 14.187 votos. Vituriano disse que 50% a 70% dos
eleitores são corruptos.
Como será que o deputado Vituriano descobriu que tantos paraibanos
são corruptos? Mas, Vituriano precisava mesmo desabafar e foi adiante. Ele
chamou os eleitores de traidores por trocarem de candidato mediante vantagens
oferecidas. Vituriano sofreu forte concorrência em seus domínios eleitorais. A
conclusão do deputado é desesperadora:
“Vi que não vale a pena ser honesto. Vale a pena ser ladrão, ser corrupto e
mentir”. Certo, coloquemos essa frase na conta da ira do deputado. Mas, eu
torço para que ele não passe a roubar, mentir e corromper como forma de voltar
a Assembleia Legislativa. Se é que essa é a única maneira de fazer os feijões,
digo os deputados, subirem na panela parlamentar, como diria Toinho do Sopão.
Outro deputado (candidato a reeleição) que foi barrado nas urnas
foi Guilherme Almeida. Ele ficou em 47º lugar e obteve 17.341 votos. Guilherme
não perdeu a compostura verbal, mas foi incisivo ao explicar o motivo de sua
derrota. Ele disse que perdeu a eleição porque não tinha dinheiro para comprar
lideranças. Simples assim. Guilherme não citou nomes, infelizmente, mas disse
que essa é uma prática comum entre prefeitos, vereadores e cabos eleitorais. Ele
relatou que certo vereador lhe pediu uma quantia para lhe apoiar, como o
deputado negou, alegando não dispor de poder aquisitivo, o tal vereador foi em
busca de um candidato mais aquinhoado. Então, é assim que funciona a campanha
eleitoral?
O caro ouvinte deve
perguntar: temos que lamentar a derrota desses senhores? Não, não temos, até
porque essas são as regras do jogo eleitoral. Mas, não deixa de ser
interessante perceber que a derrota lhes dê tamanha sinceridade. De que outra
maneira poderíamos saber que para se ganhar uma eleição é preciso subornar
lideranças políticas? Enquanto os políticos estam sendo eleitos dizem que é
pela vontade soberana do povo ou mesmo pela vontade de Deus. Mas, quando não são
eleitos, resolvem dizer a verdade ou quase toda a verdade. Que seja assim,
então. Que tal barramos, a cada nova eleição, um desses políticos para que só
então possamos saber como, de verdade, funciona esse tal jogo eleitoral?
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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