A expressão “Habemus Papam” (“Temos um Papa") é
pronunciada pelo cardeal mais velho da Igreja Católica para que se anuncie que
um novo pontífice foi eleito. Isso acontece depois que a chaminé da Capela
Sistina expeli aquela fumaça branca. No próximo domingo, por volta das 20
horas, já poderemos anunciar que “Habemus Imperium”, i.e., poderemos dizer que
já temos uma nova autoridade constituída para as Unidades da Federação e para
nossa Unidade Política, chamada Brasil. Enfim, teremos definido a instância
máxima da administração executiva no Estado e no país. Faltam 72 horas para as
eleições do 2º turno e a semana está terminando, como começou, em relação às
pesquisas eleitorais e a movimentação dos candidatos.
A opinião corrente é que as eleições, estadual e a presidencial, estam indefinidas.
Isso é certo, não só pelo que nos dizem as pesquisas, mas, principalmente, pela
movimentação que se pode ver nas ruas. Hoje, não se pode afirmar que “Habemus governum”. Hoje, somos uma
sociedade dividida. Existe uma bipolarização não apenas entre candidaturas, mas
entre projetos político-econômicos, ideias, valores, interesses, gostos e tudo
o mais que o caro ouvinte puder imaginar. Mas, isso é ruim? Não, claro que não.
Eu, inclusive, costumo desconfiar dos projetos e das candidaturas que prometem
a união dos brasileiros em torno de alguma coisa. Para mim, isso tem o cheiro e a coloração das
ideias totalitárias tão correntes em outros tempos.
Somos, para o bem e para o mal, uma sociedade multicultural, diversificada
em termos raciais e sociais. Somos, para desespero de alguns, uma sociedade
plural. Se é assim, porque ser contra a divisão político-eleitoral que
enfrentamos hoje em dia? A despeito do que pensam os falsos moralistas de
plantão e do quer essa gente tão politicamente correta o confronto aberto entre
os candidatos, nos debates televisivos, é salutar. O caro ouvinte me
perguntará, mas e essa baixaria entre os candidatos? Os enfrentamentos entre os
candidatos, nos debates, são pautados pela sociedade. Os marqueteiros estam
atentos ao que acontece nas redes sociais. Dilma, Aécio, Ricardo e Cássio
aceitam chafurdar na lama porque gostam? Talvez.
Parte do público não só gosta como torce para que os candidatos se
estapeiem ao vivo e em cores. É estranho que o eleitor/internauta queira os
políticos bem comportados nos debates, quando ele mesmo age como um troglodita
nas redes sociais. Deixemos esse “bom mocismo” insuportável de lado. Precisamos
ver os candidatos por inteiro, sem a proteção do manto sagrado das ilhas de
edição, onde se monta o guia eleitoral. Que venha o debate e que se estabeleça
o confronto. Ponto final.
Mas, eu dizia que as pesquisas não escondem a
bipolarização eleitoral. Na semana passada elas davam Aécio ligeiramente à
frente de Dilma, sempre com empate técnico. No domingo, analistas diziam que as
novas pesquisas trariam mudanças. O Datafolha da segunda trouxe (pela 1ª vez neste 2º turno) Dilma, com 52%,
a frente de Aécio, com 48%. O levantamento CNT/MDA baixou a margem de erro e
cravou Dilma com 50.5% e Aécio com 49.5%. Ou seja, deu empate físico, concreto.
Ontem, o Datafolha trouxe sua 2ª rodada da semana mantendo Dilma 4 pontos
percentuais a frente de Aécio com sua tradicional margem de erro de 2%. Isso
significa que Dilma está virtualmente eleita, já que só faltam três dias para
eleição? Não. Isso demonstra que o jogo está indefinido. Mas, entendam essa
indefinição dentro de um padrão de regularidade. É preciso lembrar que o padrão
dessa eleição foi à indefinição misturada as surpresas de toda sorte.
É bom lembrar, ainda, que desde os meses de março e abril, Dilma apareceu,
quase sempre, em 1º lugar nas pesquisas. Claro, a cada nova alteração, surpresa
ou fatalidade, os sismógrafos dos institutos de pesquisa acusavam os abalos. Na
transição do 1º para o 2º turno Aécio agregou valor, ao seu capital eleitoral,
por causa da adesão de Marina Silva. O PSDB passou cerca de duas semanas
acertando mais do que o PT nos programas do guia eleitoral. Esses fatores se
refletiram nas pesquisas. Mas, o PT reagiu com Lula voltando à campanha e com
peças publicitárias explorando o receio das classes C e D perderem suas
conquistas. O apoio de Marina a Aécio é um enigma, pois não se sabe quanto ela
consegue transferir em termos de votos.
Dilma parece ter recolhido mais
apoios pelos Estados onde acontecerá 2º turno. Bom exemplo é o caso da Paraíba.
Dilma subiu bem na preferência do eleitorado paraibano depois de ter declarado
apoio a Ricardo Coutinho, sendo a recíproca verdadeira. Inclusive, pela 1ª vez,
estamos nos preocupando mais com a eleição presidencial do que com a estadual.
Vejam que Cássio Cunha Lima colou sua imagem a de Aécio Neves no guia
eleitoral, ao contrário do que víamos no 1º turno. Vejam que o PMDB paraibano
teve como objetivo central carrear votos para Dilma. Mas, isso tudo não explica
como resolveremos o dilema eleitoral. Na verdade, não resolveremos. Depois que
o TSE expelir a fumaça branca, e anunciar “Habemus presidente”, o jogo zera e
começa tudo novamente.
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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