sexta-feira, 17 de outubro de 2014

AFINAL, MARINA, QUAL É O SEU PLANO?






Certa vez, Mike Tyson concedia uma entrevista coletiva após uma daquelas lutas em que nocauteou impiedosamente seu adversário. Um jornalista pediu para Tyson explicar o que tinha acontecido, já que seu oponente parecia ter um bom plano de luta. Com a sinceridade e a frieza que lhe fizeram famoso, Tyson foi curto e grosso: “todo mundo tem um bom plano, até levar o primeiro soco”. Pois, é isso mesmo. Todo mundo tem um bom plano, uma boa estratégia e boas intensões até que se prove o contrário. É assim na vida, na política, nas relações profissionais e pessoais. Vejam como é no futebol. Ao  entrar em campo para a tragédia do Mineirão, o Brasil tinha um ótimo plano contra a Alemanha,. O plano era bom até que começou a saraivada de gols.

Vejamos o caso de Marina Silva. Enquanto ela e Eduardo Campos formavam uma chapa tudo indicava que a ex-senadora seguiria desempenhando o papel da terceira via prometida para o futuro, em que pese suas conhecidas indecisões e fragilidades. Mas, veio o imponderável, a fatalidade, e Marina foi guindada a condição de candidata a presidente da República pelo PSB, já que a Rede Sustentabilidade não tinha, ainda não tem, o status de partido político. Marina aceitou se lançar candidata numa estrutura da qual sempre foi critica. Ao aceitar ser candidata passou a apoiar, de forma vacilante, como é do seu estilo, as alianças fisiológicas que Eduardo Campos havia montado para o PSB.

Quando Marina se tornou a candidata a presidente o seu plano era perfeito até começar a levar as primeiras bordoadas do PSDB e do PT. Se pudesse, Mike Tyson teria dito a Marina: “minha cara, seu plano não resistirá aos primeiros socos”. A mãe de todos os erros de Marina, e de seu marqueteiro, foi supor que os adversários nada fariam quando ela começasse a decolar nas pesquisas. Mesmo que eu conhecesse bem o perfil de Marina, me admirei com tamanha ingenuidade. Afinal, até as seringueiras do Acre conhecem o modus operandis do PSDB para dissecar um adversário que esteja ameaçando nas pesquisas. Quem não lembra as eleições presidenciais de 2002 quando Ciro Gomes foi fulminado por José Serra.

Ciro Gomes vinha se colocando bem nas pesquisas, ameaçando ultrapassar Serra e ocupar o 2º lugar. Serra e o PSDB lançaram ataques sistemáticos a Ciro Gomes que foi despencando nas pesquisas, terminando a eleição em 4º lugar. Também em 2002, Roseana Sarney vinha sendo bem citada nas pesquisas que antecediam as convenções. Ela ameaçava a pré-candidatura de Serra. O PSDB foi à luta e desmontou as pretensões da família Sarney com a valorosa ajuda da Polícia Federal. Assim, não foi difícil para Aécio, e seu PSDB, partir para o ataque a Marina. Dilma, Lula e o PT viram neste ataque a solução para eliminar a ameaça marineira. PT e PSDB agiram pela lógica de que o inimigo do meu inimigo é meu amigo.


Com os ataques sistemáticos, Marina viu seus bons planos ruírem e foi perdendo pontos percentuais, nas pesquisas, ao ponto de voltar aquele estágio inicial de 2010, quando teve 20 milhões de votos. Mas, ainda teve outro problema nessa história. Marina supôs, errado mais uma vez, que oferecer a outra face seria a melhor estratégia. Não foi, pois ela demonstrou fraqueza e fragilidade aos olhos de todos aqueles que a viam como uma alternativa viável ao eterno FLA X FLU entre o PT e o PSDB. O eleitor não aceita candidatos frágeis que passem a imagem de que não serão capazes de enfrentar as grandes questões de forma corajosa. Quando Marina se auto vitimizou, diante dos ataques, disse aos seus eleitores não ser capaz de enfrentar uma boa briga.

Terminado o 1º turno, as urnas confirmaram o que víamos nas pesquisas: Marina estacionada em seus 20 milhões, refém de suas indecisões, sendo pressionada a tomar um caminho que ela mesma não queria. Marina passou exatos sete dias para anunciar seu apoio a Aécio Neves. Quando muitos de seus eleitores já haviam decidido votar em Aécio, Marina ainda patinava entre o voto nulo, o voto em Aécio, a apatia política ou mesmo o refúgio no Acre. Marina afirmou que não apoiaria Dilma pelos ataques promovidos pelo PT. Mas, e o que dizer dos ataques que ela sofreu de Aécio e do PSDB? E o que dizer das acusações, falsas, diga-se de passagem, que o senador mineiro lhe fez no guia eleitoral?

Quando, finalmente, Marina decidiu desagradou as principais lideranças da “Rede Sustentabilidade”. Sete membros da executiva paulista da Rede renunciaram, pois, para eles, apoiar o PT ou o PSDB enfraqueceria o discurso da 3ª via. Parte do PSB também não gostou de ver Marina apoiando Aécio por preferir Dilma. O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, renunciou lembrando que o PSB foi e é oposição a vários governos do PSDB. Marina fala em uma nova forma de fazer política, mas suas fragilidades, contradições e dilemas não nos convencem de que ela possa defender esse movo jeito. Marina sai dessa eleição tal qual um castelo de areia, imponente, mas que não resiste a primeira onda.

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AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.

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