Na quinta-feira
eu tinha decidido não assistir o debate, promovido pelo UOL/SBT/Jovem PAN,
entre Dilma Rousseff e Aécio Neves. É que com tantos debates, com regras tão
parecidas, as situações, temas e até as acusações se repetem a exaustão.
Preferi me poupar para essa maratona de debates que estamos tendo. Contado com
os eventos da Record e da Rede Globo temos quatro debates envolvendo candidatos
a presidente e a governador. Resolvi, então, preservar meus já danificados
neurônios. O debate entre Dilma e Aécio não me chamou a atenção. Mas, o
comportamento de muitos eleitores, que ficaram pelas redes sociais fazendo todo
tipo de comentários, me chamou atenção e aumentou minha descrença quanto ao
futuro da raça humana.
Como diria aquele mensaleiro, que hoje cumpre pena em um presídio do Rio de
Janeiro, os comentários que vi despertaram em mim os piores sentimentos e
pensamentos. Eu nunca vi tanta asneira, estupidez e bobagens juntas. Um hábito
disseminado nas sociedades é o de se ficar em frente à televisão, mas com o
computador ao alcance da mão. É um fenômeno do nosso tempo. Eu costumo manter a
TV ligada, mesmo que sem áudio, enquanto escrevo as colunas POLITICANDO. Chama
atenção os comentários que as pessoas fazem sobre o que estão vendo na
televisão. Tem gente que vê o jornal, a novela ou o programa de culinária e ao
mesmo tempo tece comentários, numa rede social, sobre o que está assistindo.
Tem gente que gosta de assistir ao futebol ou a corrida de F1 (eu, por
exemplo) e fazer seus comentários. Algum problema nisso? Não, claro que não. As
redes sociais têm a capacidade de, para o bem e para o mal, nos fazer expor
nossas opiniões. Mas, nos debates eleitorais temos visto situações
controversas, polêmicas, absurdas e até irreparáveis. Enquanto Dilma e Aécio se
batiam pelos nossos votos, pretensos analistas políticos expunham o que suas
mentes medievais possuem de pior. Um amigo me mandou uma mensagem, perguntando
o que eu estava achando do debate, após ver um comentário que fiz no Twitter.
Eu disse que não estava assistindo ao debate, mas que estava atento ao
comportamento de alguns “twitteiros” aloprados.
Como já vem ocorrendo, pelo menos desde as eleições de 2010, internautas
xenófobos disputavam para ver quem conseguia ter mais repugnância dos eleitores
nordestinos, que optaram votar em Lula e em Dilma, em eleições passadas e nesta
que atravessamos. É risível, e é ridículo, que paulistas estúpidos hostilizem
nordestinos eleitores de Dilma, quando Celso Russomano, Tiririca e Marco
Feliciano foram os deputados mais bem votados em São Paulo no 1º turno. E vejam
que eu não estou citando Paulo Maluf. Eu fico estarrecido ver eleitores, tanto
de Aécio como de Dilma, xingando uns aos outros apenas por causa da opção
eleitoral de cada um. Afinal, eleição é um procedimento democrático que requer
a pluralidade de ideias para que possa acontecer.
Eu vi um néscio, aliás, um imbecil, que postou uma foto de um soldado,
assassinado por um grupo de guerrilheiros durante a ditadura militar. Ao lado
dessa foto, o pobre diabo postou a imagem em que Dilma aparece, bem jovem,
depondo em audiência militar. O estúpido colocou a seguinte a legenda: “Essa foi à primeira obra pública de Dilma.
Você acredita nessa assassina?”. Além de desconhecer nossa história
recente, o parvo internauta fez uma grave acusação a presidente da República.
No debate da quinta feira, Dilma tevê uma oscilação em sua pressão arterial.
Vários internautas disseram que ela estava fingindo passar mal, por não
conseguir responder as perguntas de Aécio. Alguns chegaram a vibrar com o mal
estar da Presidente.
Vi uma jornalista, que já foi candidata a cargos e que preside um partido político, dizendo: “Dilma inventou que a pressão caiu. Ela tá doidinha, passando mal, acode gente”. Vejam o que a ausência de discernimento pode fazer com uma pessoa. Teve um, que se nomeia Recruta Zero, que disse: “O cacete que Aécio deu em Dilma foi tão grande que ela ficou sem fala e arriou das pernas”. E o ex-roqueiro Lobão, que hoje escreve para a Revista Veja, que disse que “Aécio foi homem prá dedéu”. Porque não expressar uma opinião séria do debate? Porque destacar a macheza do seu candidato? Estaria Lobão admirando as atitudes do Pastor Silas Malafaia? E o que dizer de Rachel Sheherazade, sempre ela, fazendo piadas sobre expressões usadas por Dilma?
São esses os formadores de opinião
de nossa sociedade? E teve os “dilmistas” chamando Aécio de mauricinho, bêbado
e drogado e fazendo alusões a uma suposta homossexualidade do senador. É assim
que essa gente quer eleger seus candidatos? Neste mar de opiniões enlameadas,
medievais, vi alguém com sanidade dizendo que é inútil decidir o voto por um
debate, pois vence quem se expressa melhor. Essa pessoa pedia: “Lembrem-se de Collor, excelente nos
debates, mas péssimo governante”. Eu dedico essa coluna a você, que vibra
quando seu candidato se comporta como um troglodita no debate. Por isso mesmo,
peço que reflita sobre isto, pois um desses dois lutadores, digo candidatos,
será o nosso próximo presidente da República.
AQUI É O POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA
FM.
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