
Faltam dois dias para a eleição do 2º turno. A indefinição quanto ao resultado das eleições permanece, mas temos alguns fatos acontecendo, ou por acontecerem, que podem ajudar a definir o cenário ou terminar por confundi-lo de vez. O TSE resolveu combater a baixaria promovida pelos candidatos. Por baixaria, entenda-se a situação em que limites éticos, morais ou estéticos são desrespeitados. O TSE quis fazer uma verdadeira cirurgia plástica na propaganda eleitoral. Como a suprema corte eleitoral tem mais é que zelar pelo bom andamento do processo, aparou minutos do guia eleitoral, de Dilma e Aécio, na vã tentativa de conter os ânimos dos candidatos. A ideia era trazê-los para o lugar onde a insanidade não tem vez.
Certo, o TSE está cumprindo seu papel. Mas, porque tão tardiamente? Porque
só intervir no vale tudo eleitoral na última semana de campanha? O presidente
do TSE, Ministro Dias Toffoli, parece mesmo não acreditar na eficácia das
medidas. Ele até propôs que o TSE fique em sessão permanente, até à tarde do
sábado, de forma que possa julgar aqueles recursos de última hora, provenientes
da veiculação das últimas propagandas eleitorais que irão ao ar ainda na
sexta-feira. Dias Toffoli disse que
possíveis direitos de resposta podem ir ao ar no sábado à noite, i.e., poucas
horas antes das urnas serem ligadas. Para o ministro este mecanismo seria um “detector de metais, caso os candidatos
decidam ir ao baile do risca-faca”.

O Datafolha da quarta viu Dilma avançando sobre as classes C e D, onde
está mais de um terço do eleitorado brasileiro, e viu Aécio perdendo pontos.
Foi exatamente neste setor que Marina começou a perder sua vaga para o 2º
turno. O Datafolha viu que Aécio manteve seus bons percentuais nas classes A e
B e que Dilma estacionou neste setor. Isso pode nos dar alguma pista, porque as
classes sociais do Brasil fazem suas escolhas eleitorais a partir do bolso.
Nunca esqueçamos que existem variáveis como inflação, crescimento econômico e
desemprego que costumam corroer capitais eleitorais. Mas, o Datafolha viu que
50% dos eleitores de Dilma acreditam que a economia vai melhorar.
Viu que 08% são pessimistas quanto à saúde de nossa economia, que 36%
acreditam que o desemprego vai cair e 43% que a inflação cai também. Interessa
ver que esses percentuais quase se repetem entre os eleitores de Aécio. O
dilema eleitoral pode mesmo vir a se resolver pelo viés econômico. O Datafolha
viu a rejeição de Aécio subir, de 37% para 41%, e a de Dilma descer, de 49%
para 45%, nos municípios com mais de 500 mil habitantes. Isso importa, pois
sabemos bem que são nos grandes e médios centros urbanos onde está o grosso do
eleitorado. O staff de Aécio aposta muito no debate da Rede Globo de logo mais
a noite. O que se avalia é que o formato do programa, com aquelas intermináveis
idas e vindas entre o palco e o assento dos candidatos, favorece Aécio por ser
mais jovem do que Dilma.

A questão, claro, vai rolar pelos
tribunais. O problema é que se a candidatura de Gomide for mesmo inválida seus
votos se tornam nulos, favorecendo o candidato a reeleição Marconi Perillo que
alcançaria a metade mais um dos votos válidos ainda no 1º turno. Do contrário,
se a candidatura de Gomide for mantida, o 2º turno entre Perillo e Iris Rezende
deve mesmo acontecer. Isso tudo não seria problema se não estivéssemos a apenas
48 horas da eleição. Assim, o eleitor vai às urnas sabendo que sua decisão pode
ser revertida nos tribunais. Isso gera insegurança institucional e faz o
eleitor não confiar no sistema politico eleitoral que temos. Assim o eleitor se
pergunta para que, afinal, deve votar?
Nenhum comentário:
Postar um comentário