Como não poderia
deixar de ser, hoje eu vou tratar de pesquisas e de eleição no POLITICANDO de
nº 500. Nesta quingentésima coluna eu só poderia mesmo falar do assunto que dá
vida e é a própria razão de ser do POLITICANDO. Esta coluna é um espaço para o
exercício da análise não só da politica institucional, como das coisas de nossa
realidade social e de nossa cultura política. Na verdade, tudo pode ser motivo
de análise no POLITICANDO. Não tudo, mas aquilo que eu, minhas ironias, meu
inconformismo e até meu mau humor matutino podem dar conta em relação a esse
Brasil nada republicano. Apesar de que, eu não tenho do que me queixar. Pois se
não fosse assim, o POLITICANDO, provavelmente, não existiria.
Ontem o Grupo 6SIGMA e a CAMPINA FM lançaram sua última pesquisa com dados
para a eleição ao governo da Paraíba no próximo domingo. A pesquisa consolida o
fato de que só decidiremos esta eleição num 2º turno. Ou será que não? O caro
ouvinte, que me honra com sua fiel audiência, desculpe a redundância, mas esta
eleição pode ser eleita a mais complexa dos últimos 15 anos. A eleição
estadual, e a presidencial, estam recheadas de fatos e variáveis que as
diferenciam de muitas outras. A eleição paraibana de 2014 se tornará um case
para analistas políticos, jornalistas, pesquisadores e todos que se interessam
por eleições. No futuro, vamos sempre nos referir às eleições de 2014 como a
que implodiu algumas verdades.
Vemos dois candidatos que, mesmo com elevados índices de rejeição, lideram
as pesquisas. Cássio Cunha Lima aparece com 29.9% e Ricardo Coutinho com 25.4%
na rejeição, que é aquele quesito onde o eleitor diz em quem não vai votar. É
bom sempre lembrar que um desses dois senhores irá governar a Paraíba a partir
de 01 de janeiro de 2015. O caro ouvinte me ajude a atentar para a brutal
contradição. É que um dos dois
candidatos mais rejeitados pelos eleitores vai, sim, ser eleito. Sempre poderá
se dizer que os mais bem colocados nas pesquisas são os que mais podem ser
rejeitados pela exposição a que são submetidos. Os marqueteiros trabalham esse
dado como um dogma das pesquisas.
Mas, é bom lembrar que os eleitores não rejeitam um político apenas porque
ele é candidato. A rejeição é o somatório das impressões que o eleitor vai
colhendo sobre o político ao longo de sua carreira e, claro, da campanha onde
ele é candidato. O que mais chama atenção é o fato de que tanto Cássio como
Ricardo romperam a barreira dos 27 pontos percentuais na rejeição. Se aceita,
ou se aceitava, a liquidação de um candidato que ultrapassasse os 27% de
rejeição em algum momento da campanha. Ricardo, por exemplo, chegou a 33% de
rejeição. No começo da campanha, muitos diziam que o governador não seria
reeleito exatamente por causa de sua rejeição e de sua difundida incapacidade
de lidar com o contraditório.
Cássio nunca teve uma rejeição abaixo dos 15 pontos percentuais nesta
eleição. Com o desenrolar da campanha, ela cresceu e se duplicou. O conhecido
carisma do senador pouco se fez presente nesta eleição. Aliás, esse é um dado
que pode explicar muita coisa. Ao contrário de outras campanhas, nesta, vimos
um Cássio temperamental, demonstrando certa impaciência para com as coisas do
dia-a-dia eleitoral. Por vezes, vi um Cássio protocolar. Era como se ele
estivesse cumprindo matematicamente um ritual. Já Ricardo surpreendeu por não
se deixar acompanhar pelo seu habitual mau humor. Vimos um Ricardo cordato,
paciente e, pasmem, sorridente. Em dois debates que acompanhei de perto pude
presenciar e atestar estes dois extremos.
Não faz mais sentido falar em pesquisa espontânea a essa altura do jogo,
tratarei da pesquisa estimulada, pois ela nos faz constatar que teremos 2º
turno, salvo uma erupção vulcânica na Paraíba. O fato é que o eleitor paraibano
acha prematura decidir agora. Ricardo conseguiu crescer ao longo da campanha
enquanto Cássio controlou seus números para não perder a vantagem que sempre
teve. No início da campanha, Ricardo tinha média de 23% nas pesquisas. Ter
chegado a quase 40% é algo a não se desconsiderar. Cássio manteve média de 40%
ao longo da campanha. As questões de agora são: (1) conseguiria Ricardo crescer
mais ao ponto de ultrapassar Cássio?; (2) Cássio teria chegado ao seu teto, ou
seja, teria estacionado nestes 40 pontos percentuais?
Vital Filho conseguiu chegar aos
5.2%. Ele esteve sempre patinando naqueles 4% vexatórios em se tratando da
candidatura do PMDB. O Major Fábio ficou abaixo daquele 1% que sempre vinha
tendo. Ou seja, perdeu o que nunca teve. Tárcio Teixeira teve a rejeição, de
1.3%, mais baixa entre todos os candidatos. Isso só demonstra a boa campanha
que ele fez. Tarcio bem desempenhou o papel a que se propôs, em que pese ter
uma estrutura partidária frágil. De nossa parte não resta muito a fazer, a não
ser votar no domingo. Já os candidatos ainda podem fazer muito, pois sabemos
que, na Paraíba, uma eleição pode ser definida nos dois últimos dias. Ou será que
mais esta verdade será desconstruída?
AQUI É O
POLITICANDO, COM GILBERGUES SANTOS, PARA A CAMPINA FM.
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